São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Guadagnino retoma tradição de conflito do cinema italiano


ENQUANTO RETRATO DA FAMÍLIA, O FILME É BRILHANTE. MAS A HISTÓRIA TOMA UM RUMO INESPERADO QUE DILUI SUA FORÇA


ANDRÉ BARCISNKI
CRÍTICO DA FOLHA

O cinema italiano, desde Visconti e De Sica, sempre fez grandes filmes sobre a elite do país. Os contrastes sociais da Itália, o embate entre o sul pobre o norte rico e a vacuidade da vida da elite forneceram temas para incontáveis filmes, de comédias escrachadas a dramas intimistas.
"Um Sonho de Amor", de Luca Guadagnino, mesmo longe de ser um grande filme, pelo menos retoma a tradição do cinema italiano, contando a história de um romance proibido e seu efeito na vida de uma família aristocrata.
O filme começa em um jantar, onde o patriarca dos Vecchi (o grande Gabriele Ferzetti) anuncia sua aposentadoria da fábrica têxtil que comanda há anos e aponta como sucessores o filho, Tancredi, e o neto, Edoardo.
A sequência do jantar é notável: as imagens da mansão dos Vechhi, à meia-luz, com seus corredores imensos e vazios, dão a dimensão da frieza e melancolia da família.
Emma (Tilda Swinton), mulher de Tancredi, parece um pouco deslocada em meio à gelidez dos Vecchi. Quando sua filha, Betta, lhe confidencia um romance com outra mulher, Emma a apoia, embora saiba que o segredo precisa ficar restrito às duas.
Enquanto retrato da família Vecchi, o filme é brilhante. Mas a história toma um rumo inesperado, que dilui a força dramática do filme: Emma começa um romance com Antonio, um chef de cozinha de origem camponesa, com quem seu filho pretende abrir um restaurante.
O romance de Emma e Antonio surge de repente na história. O filme não se aprofunda no passado ou no perfil dos personagens e ficamos sem entender as razões de uma atração tão forte. Parece mais um recurso dramático de choque, jogado na história para desviar o rumo monótono da vida dos Vecchi.
Mesmo assim, "Um Sonho de Amor" é um filme raro e que revela Guadagnino como um diretor talentoso. Vale dizer que o filme tem semelhanças -tantas a ponto de causar incômodo- com o lindo "Perdas e Danos" (1992), de Louis Malle, em que um político poderoso (Jeremy Irons) se apaixona pela noiva do filho, interpretada por Juliette Binoche.

UM SONHO DE AMOR
DIREÇÃO Luca Guadagnino
PRODUÇÃO Itália, 2009
COM Tilda Swinton, Flavio Parenti e Edoardo Gabbriellini
ONDE Nos cines Espaço Unibanco Augusta, Cine Sabesp e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom


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