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NET CETERA
Conheça o Slash, a nova literatura de moças
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
No começo da carreira de
ambos, Steve Jobs foi amante de Bill Gates. O inventor do Macintosh e da Apple era o ativo; já
ao dublê de homem mais rico e
criador da Microsoft restava a
passividade. A história tem mais
metáforas do que aguenta o papel
(e a rede) e OBVIAMENTE é
mentira.
O plot saiu da imaginação da escritora irreverente norte-americana Jezebel Slade (www.femgeeks.net/infamy) e é o
exemplo mais bem-acabado de
um dos fenômenos mais interessantes que vêm tomando a internet nos últimos tempos: o movimento Slash.
"Slash" é palavra em inglês que
tem vários significados, mas o que
interessa aqui é o que significa
"barra", como na frase "Eu sou
modelo/atriz". Foi escolhido para
designar um tipo de literatura de
ficção que é dominado por autoras homossexuais.
O gênero reúne duas personalidades ou dois personagens da cultura pop, sempre homens, e imagina um romance entre eles. O
primeiro que se tem registro levava a cabo o amor platônico que
supostamente permeava a relação
entre o sr. Spock e o capitão James
T. Kirk, no seriado cult televisivo
"Jornada nas Estrelas".
Ninguém consegue explicar por
que raios o movimento foi tomado por lésbicas.
A justificativa mais corrente
(embora generalizante e simplista) utiliza o suposto apelo que a
pornografia gay masculina exerce
sobre as mulheres, com o Slash
sendo a extensão escrita do vídeo
doméstico.
"Slash é apenas uma outra maneira de escrever literatura erótica", disse Henry Jenkins, diretor
de estudos comparativos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e expert no gênero. "É
como essas mulheres querem que
seja representada em letras a sexualidade masculina."
Na que se tornou a mais famosa
das ficções, composta por seis episódios, Jezebel Slade conta com
detalhes pornográficos como os
dois aspirantes a magnatas da informática mantinham uma imagem pública de rivalidade, mas viviam uma ardente e erótica relação na clandestinidade. Por motivos óbvios, é a história que mais
audiência teve até agora.
Mas não é a única. Outras colocam num ménage à trois o agente
Fox Mulder, seu chefe, Walter
Skinner, e o vilão Krycek, todos
da extinta série "Arquivo X".
Tem ainda Obi-Wan se apaixonando por seu mentor Qui-Gon
Jinn (ambos personagens de
"Guerra nas Estrelas").
A lista é imensa, do tamanho da
imaginação das moças.
E-mail: sergiodavila@uol.com.br
Site: www.uol.com.br/sergiodavila
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