|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Loteria é recebida com otimismo e ressalvas
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
A criação da Loteria da Cultura,
anunciada na última quarta pelo
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), e pela secretária
estadual da Cultura, Cláudia Costin, foi recebida com otimismo e
algumas ressalvas por artistas.
Seu lançamento está previsto para
o próximo dia 10 de outubro.
Para o diretor do grupo Oficina
José Celso Martinez Corrêa, a iniciativa é "fundamental". "É importante, principalmente para os
grupos de teatro de repertório,
companhias que normalmente
não são beneficiadas pelo marketing", diz. "Pena que a quantia seja pequena para tanta necessidade
e potencialidade", completa.
O ator, diretor e atual secretário
municipal da Cultura de SP, Celso
Frateschi, pondera. "Em princípio, é positivo. E, como uma fonte
a mais de recursos, [a loteria] é
bem-vinda. A questão é a forma
de distribuição desses recursos,
mas tenho certeza de que a administração estadual vai trabalhar
de forma democrática com relação a isso", diz Frateschi.
A Loteria da Cultura é recebida
com menos otimismo por Sérgio
de Carvalho, diretor integrante da
Companhia do Latão. "Se o caso é
gerar cultura com o jogo de azar,
deveriam tributar a especulação
financeira. Na era do capitalismo-cassino, é pelo menos um reconhecimento da miséria atual: tanto do orçamento quanto das políticas culturais do Estado."
O governo estadual e a secretaria de Estado da Cultura estimam
que a loteria, em forma de raspadinha, vá arrecadar R$ 10 milhões
líquidos para serem distribuídos
exclusivamente em projetos culturais, de teatro e cinema.
A distribuição dos recursos será
determinada por uma regulamentação complementar, a ser
criada, mas já foi estabelecido que
a escolha dos projetos beneficiados será realizada por concurso.
Na área do cinema, as regras da
disputa serão formuladas pelo
Conselho Paulista de Cinema, oficializado na quarta pelo governador. O Conselho é composto por
seis membros do governo e seis
representantes da sociedade civil.
Para o cineasta André Klotzel
("Memórias Póstumas"), o conselho é uma forma "mais equilibrada de diversificar apoios para
o cinema". Já o diretor Joel Pizzini
("Glauces"), acha curiosa a relação com o jogo de azar: "Espero
que haja espaço para o cinema como forma de conhecimento e que
o espírito não seja contaminado
pela aspiração de riqueza".
Texto Anterior: Outro lado: Ex-ministro diz que recorrerá da decisão do TCU Próximo Texto: Panorâmica - Memória: Morre retratista de De Gaulle e Salvador Dali Índice
|