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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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MÚSICA

METAL

Banda se apresenta no festival Kaiser Music, onde lança o álbum "Roorback"

Sepultura grava seguindo o espírito de "menos é mais"

Divulgação
O grupo Sepultura, que se apresenta amanhã em SP no show que lança o álbum "Roorback' no Brasil


SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Nem sinal de Carlinhos Brown nem de tambores japoneses ou de índios Xavantes. O Sepultura abre mão de "exotismos" introduzidos em seu universo pós-"Chaos AD" (1993) no 11º registro da carreira, o quarto da fase Derrick Green, substituto do ex-vocalista Max Cavalera.
Em "Roorback", gravado no Rio de Janeiro com o produtor Steve Evetts, o quarteto optou por dispensar as participações especiais (com exceção do Paralamas João Barone na faixa "Urge") em favor da "volta ao básico". É, segundo o guitarrista Andreas Kisser, 35, uma limitação de aspecto positivo, que obriga a banda a ser "criativa dentro de um número reduzido de elementos".
"O resultado foi mais simples e leve em comparação aos últimos três discos, bem mais focalizado. A situação atual da banda contribuiu, não existem mais aquelas palhaçadas do passado, as brigas, e o espírito foi de fazer mais com menos", diz o músico.
Se ampliou o universo musical do Sepultura, a idéia de trazer convidados, para Kisser, também estava perdendo a espontaneidade. Era hora de romper com o formato: "Sentimos que estávamos começando a forçar as parcerias, e isso não tem a ver com a gente. Todas as anteriores ocorreram de um modo natural".
Mas não significou um passo em direção a muitos dos antigos fãs do Sepultura, que não assistiram com bons olhos à abertura da banda a novos estilos: "A gente não pode ficar pensando na "ala radical do PT" [risos]". Kisser critica o conservadorismo latente do público do metal brasileiro, a notar quando ocorrem festivais em que se apresentam atrações de gêneros distintos.
"Nós tocamos pelo mundo com Sting, Peter Gabriel, Alanis Morissette, no mesmo palco e dia, e existe respeito. Não quer assistir, vai dar uma volta, tomar uma cerveja, catar uma mina, faça alguma coisa até chegar a hora do seu artista favorito. Tem espaço para todo mundo."
Não é propriamente o caso do festival Kaiser Music (se é que o público de Sepultura e Deep Purple receberá bem o garage-hard rock do sueco Hellacopters), onde a banda toca amanhã no estádio do Pacaembu. Para o show, haverá sucessos como o recente cover do U2 em "Bullet the Blue Sky" e cinco canções de "Roorback".

A maré do metal
Apesar de manter um nome forte internacionalmente, provado em shows esgotados na turnê sul-africana encerrada no último dia 10, o novo álbum do Sepultura não estreou bem nos Estados Unidos (vendeu 4.000 cópias em sua semana de lançamento, segundo a "Billboard"), talvez ainda reflexo da maré baixa que ainda persiste para o metal.
"As coisas já estiveram piores. Mas o "Headbangers Ball" [programa especializado no gênero] voltou à programação da MTV, o Metallica está tocando pesado novamente...", afirma Kisser.
E foi nos piores tempos das vacas magras que surgiu a proposta de uma turnê de reunião do Sepultura com Max Cavalera -que ainda não se reconciliaram- proposta por Sharon Osbourne, mulher e empresária de Ozzy. A idéia era participar do festival itinerante Ozzfest. O grupo, porém, resistiu à tentação financeira.
"Se a gente tivesse feito aquilo, teríamos gastado a grana, o Derrick teria saído, o que seria falta de respeito. Não teria sido saudável", reflete. "Mas é impossível dizer que uma reunião nunca irá acontecer. Não há uma pedra lançada que impossibilite isso."

KAISER MUSIC. Festival com shows dos grupos Hellacopters, Sepultura e Deep Purple. Quando: amanhã, a partir das 18h. Onde: estádio do Pacaembu (pça. Charles Miller, s/nº, Pacaembu, região oeste, tel. 6846-6000). 40.000 lugares. Quanto: de R$ 30 a R$ 120. Censura: 14 anos. Até o fechamento desta edição havia ingressos disponíveis.

ROORBACK. Artista: Sepultura. Lançamento: FNM. Quanto: R$ 30, em média.



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