São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

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MÚSICA

Produtor, que fez seu primeiro show em São Paulo no hotel Unique, toca amanhã no Espaço das Américas

Entre desculpas, Moby critica Bush, imita Sepultura e toca Doors

Flavio Florido/Folha Imagem
O produtor norte-americano Moby, em show no hotel Unique, em São Paulo, na última sexta-feira


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Moby brinca bastante com a platéia, faz piadas, imita outros rockstars, pede desculpas por ser norte-americano, tudo isso na última sexta-feira, no seu primeiro show no Brasil. A apresentação foi iniciada à meia-noite, e os últimos acordes puderam ser ouvidos uma hora e meia depois. O público queria mais, e ficou a sensação de que alguma coisa faltou.
Fator levado em consideração por público e imprensa é a possibilidade de assistir ao vivo as músicas basicamente eletrônicas, feitas com sintetizadores e softwares. As canções são "tocadas de verdade", por músicos (guitarra, baixo, bateria, teclado). É um certo ranço que ainda teima em perseguir artistas de eletrônica, em que laptop e toca-discos não são considerados instrumentos, em que um produtor é tido como mero agente de entretenimento.
Assim, ao vivo as canções ganham corpo, Moby muda os ritmos de algumas delas, dando toques latinos, rock and roll, funk.
Foca o show nas músicas de "Play", seu mais bem-sucedido álbum, um fenômeno que vendeu mais de 10 milhões de cópias em 1999. Entram algumas de "18", algumas de "Hotel", lançado neste ano, e canções do início da carreira de Moby, como as hipnóticas "Go" e "Feeling So Real" -esta última com a responsabilidade de fechar a apresentação.
São estas duas músicas antigas, que dão ao show caráter mais inventivo, menos preso ao programado. Ganham peso com uma percussão e transformam o show numa grande rave, o que é um bom sinal.
De "Play", "Natural Blues", "Porcelain" e "Bodyrockers" ganham peso e vida ; já "Why Does My Heart Feel So Bad" fica ainda mais triste no vozeirão da vocalista Joy Grant. Mas em muitos casos, como em "We Are All Made of Stars" e "Lift Me Up", os "instrumentos de verdade" deixam as canções com pouca consistência.
Durante todo o show Moby faz gracinhas, piadas, e pede desculpas três vezes: por ser um "norte-americano ignorante e não saber falar português"; por ter um presidente como George W. Bush; por não ter ensaiado direito o cover de "Roots", do Sepultura.
Sim, Moby tocou Sepultura. Mais do que homenagem, a tentativa soou atabalhoada e sem vontade nenhuma. Outros covers vão aparecendo, como "Creep", do Radiohead, em versão bossa-novística, e "Break on Through", do The Doors. Não precisava.
A certa altura, diz: "Vamos fingir que estamos em 1984, quando eu ainda era criança e tinha cabelos". E aí faz um boboca solo de guitarra, imitando um músico de heavy metal. Para quê isso?


Moby
  
Quando: amanhã, no Espaço das Américas, em SP (r. Tagipuru, 795; tel. 0/ xx/11/ 3666-5470), e quarta, no Chevrolet Hall, em BH, (av. Nossa Senhora do Carmo, 230; tel. 0300-789-6846)
Quanto: R$ 140 (São Paulo) e R$ 160 (Belo Horizonte)


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