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MÚSICA
Produtor, que fez seu primeiro show em São Paulo no hotel Unique, toca amanhã no Espaço das Américas
Entre desculpas, Moby critica Bush, imita Sepultura e toca Doors
Flavio Florido/Folha Imagem
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O produtor norte-americano Moby, em show no hotel Unique, em São Paulo, na última sexta-feira |
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Moby brinca bastante com a
platéia, faz piadas, imita outros rockstars, pede desculpas por
ser norte-americano, tudo isso na
última sexta-feira, no seu primeiro show no Brasil. A apresentação
foi iniciada à meia-noite, e os últimos acordes puderam ser ouvidos uma hora e meia depois. O
público queria mais, e ficou a sensação de que alguma coisa faltou.
Fator levado em consideração
por público e imprensa é a possibilidade de assistir ao vivo as músicas basicamente eletrônicas, feitas com sintetizadores e softwares. As canções são "tocadas de
verdade", por músicos (guitarra,
baixo, bateria, teclado). É um certo ranço que ainda teima em perseguir artistas de eletrônica, em
que laptop e toca-discos não são
considerados instrumentos, em
que um produtor é tido como mero agente de entretenimento.
Assim, ao vivo as canções ganham corpo, Moby muda os ritmos de algumas delas, dando toques latinos, rock and roll, funk.
Foca o show nas músicas de
"Play", seu mais bem-sucedido
álbum, um fenômeno que vendeu
mais de 10 milhões de cópias em
1999. Entram algumas de "18", algumas de "Hotel", lançado neste
ano, e canções do início da carreira de Moby, como as hipnóticas
"Go" e "Feeling So Real" -esta
última com a responsabilidade de
fechar a apresentação.
São estas duas músicas antigas,
que dão ao show caráter mais inventivo, menos preso ao programado. Ganham peso com uma
percussão e transformam o show
numa grande rave, o que é um
bom sinal.
De "Play", "Natural Blues",
"Porcelain" e "Bodyrockers" ganham peso e vida ; já "Why Does
My Heart Feel So Bad" fica ainda
mais triste no vozeirão da vocalista Joy Grant. Mas em muitos casos, como em "We Are All Made
of Stars" e "Lift Me Up", os "instrumentos de verdade" deixam as
canções com pouca consistência.
Durante todo o show Moby faz
gracinhas, piadas, e pede desculpas três vezes: por ser um "norte-americano ignorante e não saber
falar português"; por ter um presidente como George W. Bush;
por não ter ensaiado direito o cover de "Roots", do Sepultura.
Sim, Moby tocou Sepultura.
Mais do que homenagem, a tentativa soou atabalhoada e sem vontade nenhuma. Outros covers vão
aparecendo, como "Creep", do
Radiohead, em versão bossa-novística, e "Break on Through", do
The Doors. Não precisava.
A certa altura, diz: "Vamos fingir que estamos em 1984, quando
eu ainda era criança e tinha cabelos". E aí faz um boboca solo de
guitarra, imitando um músico de
heavy metal. Para quê isso?
Moby
Quando: amanhã, no Espaço das
Américas, em SP (r. Tagipuru, 795; tel. 0/
xx/11/ 3666-5470), e quarta, no
Chevrolet Hall, em BH, (av. Nossa
Senhora do Carmo, 230; tel. 0300-789-6846)
Quanto: R$ 140 (São Paulo) e R$ 160 (Belo Horizonte)
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