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MOSTRA
Exposição no MIS terá obras de arte e festival de filmes
Evento em SP expõe filosofia do surfe
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você precisasse escolher uma
cidade do Brasil, país com extensa
faixa litorânea e inúmeras capitais
à beira-mar, para sediar uma
mostra de surfe, qual seria sua escolha? São Paulo, é claro. Pelo menos se você pensa como Romeu
Andreatta Filho, idealizador da 2ª
Mostra Internacional de Arte e
Cultura Surf, que acontece a partir de hoje, no Museu da Imagem
e do Som, na capital paulista.
A escolha de Andreatta, que não
é nova -a primeira mostra também aconteceu em São Paulo, no
ano passado-, está diretamente
ligada ao objetivo do evento: a
quebra de estereótipos sobre o
surfe e os surfistas, a derrocada da
visão puramente comercial do esporte. A idéia é mostrar que a arte
de deslizar sobre as ondas é uma
filosofia de vida, uma cultura.
Para passar a mensagem, a mostra expõe uma série de trabalhos
-são quadros, fotos, esculturas e
literatura especializada- de artistas nacionais e estrangeiros ligados à cultura do surfe (veja quadro ao lado), além de criar o 1º
Festival Internacional de Filmes
de Surf, que terá mostra competitiva de cinema e vídeo.
Andreatta, um dos criadores da
revista "Fluir" e pioneiro na divulgação do esporte, explica o
avanço daquilo que considera um
estilo de vida: "A década de 1980
foi a época de marcar o surfe como esporte, de conquistar um espaço. Na década de 1990, lutamos
para transformá-lo em um negócio, o que acabou tomando uma
dimensão pop, industrial. Agora,
começou a ressurgir o surfe como
uma filosofia de vida, como ideologia, arte e cultura".
Ou seja, a luta é para uma volta
às raízes do esporte. Se o estereótipo inicial -de coisa de "desocupados" e "maconheiros"- incomodava, o aspecto puramente
mercadológico que o surfe passou
a ter, gerando uma indústria multimilionária com mídia e moda
própria, também desagrada aos
ideólogos do chamado "desconstrutivismo".
"A grande missão desse evento
é desconstruir esta era que transformou o surfe em "mercado".
Buscamos arejar este segmento
com novos símbolos não-comerciais. A mostra tem a missão institucional de transmitir a mensagem da mais moderna e progressiva maneira de viver", diz Andreatta no material de divulgação.
Cinema e surfe
Um dos principais veículos da
filosofia do surfe são os filmes,
motivo pelo qual os organizadores decidiram lançar o festival internacional dentro da mostra.
Diversas superproduções recentes do gênero estão na lista -
"Riding Giants", "Billabong Odissey" e mesmo o brasileiro "Fábio
Fabuloso"-, mas o destaque fica
com os vídeos e as produções independentes, nas quais o espírito
da mostra realmente está.
São filmes como "Second
Thoughts", dirigido por Timmy
Turner, que documenta as aventuras do diretor e de dois amigos
em busca de ondas perfeitas em
uma ilha indonésia desabitada.
Da viagem à estadia cheia de
percalços, passando pelas cenas
dentro da água e das ondas, o filme adota o estilo "faça você mesmo", sem nada do glamour que
ronda as turnês das estrelas da
prancha em outros filmes do tipo.
Outro bom documentário que
será exibido é "A Broken Down
Melody", dirigido por Chris Mulloy. Ainda que tenha estrelas do
surfe (como Kelly Slater e Gerry
Lopez) envolvidas na produção, o
filme se destaca pelas belas imagens gravadas em 16mm, por dar
espaço ao subvalorizado "bodysurf" (o popular "jacaré") e pela
excelente trilha sonora, que inclui
Jack Johnson, Eddie Vedder e até
um inesperado Astor Piazolla.
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