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MÚSICA
Grupo, que cria improvisações sonoras, toca às segundas na Vila Madalena
Hurtmold une tons de rock e jazz
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Estava uma noite perfeita para
ficar em casa, "no quentinho":
uma segunda-feira de chuva e
frio. Ainda assim, no último dia
12, uma banda de música instrumental experimental lotou um
pequeno restaurante na Vila Madalena e surpreendeu quem estava lá com uma das performances
mais instigantes em temporada
na cidade.
O tal grupo é o Hurtmold, que
fica em cartaz até o fim deste mês,
no Grazie a Dio! -ainda sem previsão de prorrogação. Durante
uma hora, o sexteto fez um show
que alternou momentos para ouvir em silêncio, prestando atenção
às diversas camadas sonoras que
eles sobrepunham, com outros
em que predominava uma barulheira que fazia o público vibrar.
Com um esforço, dava para reconhecer algumas faixas de seu álbum mais recente, "Mestro", lançado em 2004 pelo selo indie Submarine. Mas, na maior parte do
tempo, imperava um clima de improviso com momentos jazzísticos, que lembravam a fase elétrica
de Miles Davis, e outros em que se
destacava a assumida influência
do pós-rock, de bandas como
Tortoise e Chicago Underground.
Não por acaso, a apresentação
da última semana teve a participação do norte-americano radicado no Brasil Rob Mazurek,
trompetista do trio Chicago Underground, responsável por alguns dos momentos mais brilhantes da noite -ele não participa do restante da temporada.
Esse é o mesmo show que eles
mostraram na versão paulistana
do sonarsound, em 2004, e que levou ao convite para participar da
edição espanhola do evento, em
junho deste ano, em Barcelona.
"Estamos em uma "p..." época boa.
Há uma receptividade e um interesse muito grande pela banda",
fala o multiinstrumentista Maurício Takara, 23.
Como para a maioria dos independentes, a sorte não esteve
sempre ao lado do Hurtmold. O
grupo existe desde 1998 e já lançou dois registros em fita cassete,
três CDs -"Et Cetera" (2000),
"Cozido" (2002) e "Mestro"
(2004)-, além de um disco com
faixas próprias e do trio de Chicago The Eternals. Foi só entre 2003
e 2004 que eles entraram no line-up dos festivais. "Financeiramente é uma loucura", diz Takara.
"Ser independente é complicado
para caramba. Ninguém consegue viver do Hurtmold."
Takara, o menino-prodígio do
grupo, que participa ainda do coletivo Instituto e mantém o projeto solo M.Takara -com o qual já
fez dois álbuns-, conta que se
surpreende com a receptividade
do público. "É um som que não
está nem um pouco em evidência.
A gente não se restringe ao padrão verso, refrão, verso. A tendência é fazermos uma música
mais livre, entre rock e jazz."
A essas influências, eles adicionam ainda ritmos brasileiros, como o samba e o maracatu, que são
executados em versões irreconhecíveis. "Já tocamos até Cartola.
Mas sempre de uma forma bem
aberta, sem nenhum tipo de tradição", explica Takara. "Somos bastante rock, pela instrumentação,
pela pegada, mas barulhentos demais para o jazz e a MPB. Seria
um rock livre, talvez...."
Hurtmold
Onde: Grazie a Dio! (r. Girassol, 7, Vila
Madalena, tel. 0/xx/11/3031-6568)
Quando: hoje, às 22h
Quanto: R$ 10
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