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MODA
Desfiles na cidade têm temporada mais consistente desde o 11 de Setembro
Minimalismo suave dá o tom do verão 2006 em NY
ERIKA PALOMINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Em sua mais consistente temporada desde o 11 de Setembro, a
New York Fashion Week encerrou sua versão de verão 2006 com
muito assunto e algumas contradições. O que, na moda, significa
deslocamento de magma. Ou seja:
mudanças à vista.
Com o outono em altas temperaturas, os fashionistas viram desfilar nas passarelas looks para o
calor. O mesmo calor que sentíamos na rua. O estilista Marc Jacobs reclamou do que chamou de
"beachificação", tipo uma "praificação" de Nova York. Como se,
na cidade, todas estivessem vestidas como se à beira-mar. Verdade. De comprimentos curtos, arrastando chinelos, regatinhas, as
nova-iorquinas mais parecem estar em Maresias ou no Leblon. "A
moda requer um pouco mais de
esforço", desdenhou Jacobs.
Ou menos. Por exemplo, é pura
simplicidade e total despojamento o verão de Francisco Costa para
a Calvin Klein. Em sua sexta coleção à frente da marca-ícone dos
EUA, o estilista brasileiro apresentou um estilo suave, com muito voile de algodão, chiffon de seda, piquê e jérsei. As cores: branco, off-white, beges, cinzas e cores-crayola: roxo e verde. Pitadas
de anos 60 nas formas, como a estrutura circular dos vestidos e o
trapézio quadrado em A são a
evolução de seu trabalho de inverno, completando uma coleção inteligente, que tem peças deliciosas, como o falso trench-coat cinzinha, amassado.
Ao assumir, sua tarefa era hercúlea: preservar e inovar o estilo
Calvin Klein. O que ele fez foi tornar mais calmo, menos árido, o
minimalismo. Como Narciso Rodriguez, também numa cartela de
cores neutras e suaves, clara, em
que alças finas sustentam vestidos
de comprimentos diferentes, quase ao chão ou abaixo do joelho,
em grande domínio das proporções e dos materiais. Os recortes,
técnicos e sutilmente sensuais,
vêm vazados sob o busto, sob os
braços, nas costas, com sobreposições aludindo a arquitetura dos
biquínis.
São dois desfiles-síntese da temporada. Também pela presença
das celebridades, assuntinho
obrigatório nas rodas da moda ou
nas mesas exclusivas do restaurante japonês Megu (já chamado
de "o novo Nobu"). Depois que a
editora da "Vogue" América Anna Wintour se levantou do desfile
da Calvin Klein (a sala estava um
forno e o desfile atrasou), a mídia
especializada iniciou intensa discussão sobre celebridades nos
desfiles, sobre editores e jornalistas serem preteridos diante dos
artistas, sobre apresentações mais
voltadas de fato para a mídia de
moda e não para ter famosos na
primeira fila... A discussão promete esquentar.
Enquanto isso, outro brasileiro,
Carlos Miele, segue seu caminho
em terras ianques. E ele tem bala.
Seu casting deu gosto, com todas
as meninas do momento: abrindo
com Gemma Ward, seguida de
Vlada, Natasha, Marija, Lily, Freja
e as brasileiras-da-hora Jeísa, Solange e Carol Trentine. Miele se
voltou para um tema multiétnico,
sob um tema Península Ibérica.
No início, em que se alternavam
sofisticados vestidos de renda
guipure de crochê conseguiram
momentos bonitos e mais leves.
Mas numa coisa ele foi mais econômico: nas suas estamparias,
que deixou somente para o final,
mais "mouro". Em geral, Miele
optou por um estilo mais Bloomingdale's, mais adulto. Deve conhecer seu público, tanto que foi
bastante aplaudido.
Na linha loucurinhas étnicas,
Zac Posen misturou, misturou,
mas acertou. Se não em tudo, nos
vestidos, nos quais ele tem expertise. Uma das promessas da moda
americana, ele cria sempre para a
rica e excêntrica jet-setter em férias permanentes. A novidade:
aqui está também sua mais consistente coleção para o dia, com
tons quentes aquecendo tardes
sob grandes chapéus.
E se a supremacia dos neutros,
das cores da natureza e dos metalizados já era prevista nesta temporada, ganham força (a partir
das araras da Balenciaga na rua
22) o violeta, o lavanda e o roxo.
Por isso, atenção para o novo
mantra: o lilás é o novo rosa.
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