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TEATRO CRÍTICAS
"Pocket' tem vozes e entusiasmo dos musicais
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
"Pocket Broadway" é um espetáculo de um apaixonado -o jovem
de 22 anos Rodrigo Pitta-, não
pela Broadway apenas, mas pelo
teatro musical.
São duas dezenas de quadros
com canções, em sua quase totalidade, dos musicais de Nova York.
Quadros levados antes pelo entusiasmo de belas vozes -e de toda a
encenação, em verdade- do que
pelo aprimoramento artístico ou
técnico.
São imitados de espetáculos originais como o pueril e turístico
"Cats" ou o contemporâneo e
emocionante "Rent".
Lembram uma entrega de Prêmio Tony, teatral, com suas colagens de quadros que se misturam e
perdem parte da beleza, sem o
apoio das tramas.
Não há cenário, propriamente. A
produção é simples e se limita, visualmente, à iluminação e aos figurinos, nem sempre muito felizes na
adaptação e, em diversas cenas,
pouco mais do que uniformes.
A coreografia, também baseada
nos originais da Broadway, chega a
ser decepcionante, menos pelo desenho do que pela indisciplina
-até displicência- com que é interpretada por um elenco obviamente concentrado na voz.
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"Seasons of Love"
Mas as vozes não decepcionam e
canções como "Seasons of Love",
com o coro e Luciana Mello em
destaque, vai além da imitação: é
flagrante que "Rent", o musical de
dois anos atrás do qual foi tirada a
canção, é um dos prediletos dos
entusiásticos intérpretes -chegando a ser qualificado na breve
introdução, aliás, como "revolucionário".
Em igual entusiasmo e frescor é
interpretada a celebérrima "Aquarius", do musical "Hair", com solo
de Bibba Chuqui.
Várias outras atuações e sobretudo vozes se destacam em "Pocket
Broadway", como as de Tania Maya em "On My Own" (de "Les Misérables"), Ivan Parente em "Wilkommen" (de "Cabaret") e Gabriela Pacci em "The Phantom of
the Opera". Também foi gratificante ouvir outra vez a suave voz
de Luiz Pacini, que antes esteve no
musical "Opus Profundum".
São destaques, estes últimos, que
parecem surgir mais da interpretação individual do que de uma integração da encenação. Ainda é cedo
para dizer que a paixão de Rodrigo
Pitta, o diretor, ultrapassou o deslumbramento e passou à criação
consciente.
"Pocket Broadway" já tem sinais
dela, em especial no quadro criado
com "Geni", de Chico Buarque, na
solitária, mas empolgante homenagem aos musicais brasileiros.
Ressalva-se apenas um ligeiro
"overacting" do protagonista no
final, Marcelo Boffa, de resto perfeito.
Por outro lado, sente-se a ausência de um quadro, ao menos, do sapateado de "Bring in da Noise",
musical até mais "revolucionário",
pela afirmação da diversidade no
gênero, do que "Rent".
˛
Espetáculo: Pocket Broadway
Quando: sex. e sáb., às 21h30; dom., às
19h30
Onde: Studium (r. Rui Barbosa, 266, tel.
011/3171-1277)
Quanto: R$ 15 a R$ 30
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