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Documentários de Yamagata
mostram o que é que a Ásia tem
AMIR LABAKI
enviado especial a Yamagata
O 6º Festival Internacional de
Documentários de Yamagata (Japão) abre hoje mostrando ao
mundo o que é que a Ásia tem de
melhor produzido no gênero.
Bienal, o evento fundado há dez
anos para celebrar o centenário
de uma pequena cidade ao norte
de Tóquio tornou-se a capital
asiática do cinema não-ficcional.
A ênfase é regional, sobretudo
devido à incomparável mostra
paralela Novas Correntes Asiáticas, mas a preocupação internacional comprova-se por meio da
competição, na qual apenas dois
dos 14 longas selecionados vêm
da Ásia. É briga de gente grande.
Entre os concorrentes encontram-se os novos documentários
do mestre do cinema-verdade
Frederick Wiseman ("Belfast,
Maine"), do excêntrico Errol
Morris ("Mr. Death") e do "enfant terrible" da China Zhang
Yuan ("Crazy English").
Wiseman e Zhang, além da peruana radicada na Holanda
Heddy Honigmann, são os únicos
competidores anteriormente já
premiados em Yamagata, ainda
que nenhum deles o tenha vencido. O veterano Wiseman recebeu
em 97 o Prêmio Especial do Júri
por "La Comédie Française" e, em
93, o Prêmio do Prefeito por
"Zoo". Esse último prêmio também foi dado a Honigmann em 95
por "Metal e Melancolia".
No mesmo ano, Zhang Yuan levou o prêmio da crítica por "The
Square", sobre o cotidiano da
Praça da Paz Celestial cinco anos
depois do massacre de 1989.
A competição de Yamagata privilegia documentários formalmente originais. Seleciona apenas
médias e longas-metragens (não
curtas). Cerca de 400 títulos brigam a cada edição por uma das
quinze vagas na disputa. Não surpreende que, prêmios à parte, por
lá passaram vários dos maiores
momentos do gênero na última
década: "American Dreams"
(Barbara Kopple), "Elegy From
Russia" (Alexander Sokurov),
"Na Terra dos Surdos" (Nicolas
Phillibert), "Hoop Dreams" (Steve James) e "Amsterdam Global
Village" (Johan van der Keuken).
O documentário brasileiro marca boa presença na curta história
do festival. Das cinco primeiras
competições, o Brasil participou
de três: "Ori", de Raquel Gerber,
em 89, "Que Bom Te Ver Viva",
de Lúcia Murat, em 91, e "Carmen
Miranda: Banana Is My Business", de Helena Solberg, em 95.
Eduardo Coutinho ("Cabra Marcado Para Morrer") participou do
júri em 1991.
A honraria repete-se neste ano
com Nélson Pereira dos Santos,
que terá exibido nesta sexta seu
clássico "Vidas Secas" (1963). O
júri da crítica conta com outro
brasileiro, o jornalista e diretor
Nélson Hoineff ("O Dia"). Nenhum filme nacional participa da
disputa mas "Mamazônia", de
Celso Luccas e Brasília Mascarenhas, ganha projeção dentro do
Programa Especial do Mundo.
Um recorde de 48 documentários de 18 países é alcançado pela
seleção neste ano do programa
Novas Correntes Asiáticas. Disputa-se um prêmio específico, dedicado à memória do realizador
japonês Ogawa Shinsuke. A vitrine destaca a crescente produção
utilizando câmeras digitais.
O crítico Amir Labaki está em Yamagata a
convite da organização do festival
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