São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999 |
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FREE JAZZ - ORBITAL Duo promove educação eletrônica em show
ERIKA PALOMINO Colunista da Folha O Orbital fez um ótimo show -do Orbital. Talvez todo mundo estivesse esperando a catarse techno do Chemical Brothers, mas era o Orbital. E, como tal, os irmãos Paul e Phil Hartnoll conduziram o público da noite de sábado do Free Jazz por uma viagem de ricas tessituras que provam que música eletrônica pode (e deve) ser vista também como música, e não apenas como barulho, bate-estaca ou ferveção. Educados no beabá da cena sem rosto da cultura raver inglesa do final dos anos 80 (o nome do grupo, como se sabe, vem da rodovia em torno de Londres onde acontecia a maioria das primeiras raves), Paul e Phil tocam num palco escuro, iluminados apenas por duas lanternas em suas cabeças, para que enxerguem o equipamento, e por imagens vindas de projetores. São apenas duas silhuetas, que se mexem ativamente entre gigantescos teclados. Phil, à frente, levanta os braços, atiçando o público. O show tem muito do novo disco, "Middle of Nowhere", e faz boa divulgação dele. Abre com "Way Out", atmosférica (palavra que serve para toda a apresentação), num clima de quase tranquilidade que dominaria a noite. Levantam o número de batidas por minuto com "Chime", empolgando o povo num momento histórico, como "Satan", de atitude rock e a guitarra do Metallica. A delicada "The Box" traz o momento mais bonito do show. Passeios entre o electro e o techno se completam com a criatividade dos vocais femininos, em duas faixas, e com os surpreendentes samples de Belinda Carlisle ("Heaven Is a Place on Earth") e Jon Bon Jovi ("You Give Love a Bad Name") em "Halcyon & On", homenagem à mãe da dupla, viciada no tranquilizante que dá nome à música. A maturidade dos Hartnoll Brothers proporcionou um show para ouvir e prestar atenção. Divertiu-se mais quem entendeu isso logo e não ficou ali apenas para pular e suar a camisa. Educação eletrônica, portanto. Avaliação: Texto Anterior: Televisão: Documentário francês comemora 70 anos de Tintin Próximo Texto: As batidas, o chão e os pés Índice |
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