São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FREE JAZZ - ORBITAL
Duo promove educação eletrônica em show

Henrique Martin/Folha Imagem
O duo inglês Orbital mostrou ao público que som eletrônico também é música, e não só ferveção


ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

O Orbital fez um ótimo show -do Orbital.
Talvez todo mundo estivesse esperando a catarse techno do Chemical Brothers, mas era o Orbital. E, como tal, os irmãos Paul e Phil Hartnoll conduziram o público da noite de sábado do Free Jazz por uma viagem de ricas tessituras que provam que música eletrônica pode (e deve) ser vista também como música, e não apenas como barulho, bate-estaca ou ferveção.
Educados no beabá da cena sem rosto da cultura raver inglesa do final dos anos 80 (o nome do grupo, como se sabe, vem da rodovia em torno de Londres onde acontecia a maioria das primeiras raves), Paul e Phil tocam num palco escuro, iluminados apenas por duas lanternas em suas cabeças, para que enxerguem o equipamento, e por imagens vindas de projetores.
São apenas duas silhuetas, que se mexem ativamente entre gigantescos teclados. Phil, à frente, levanta os braços, atiçando o público.
O show tem muito do novo disco, "Middle of Nowhere", e faz boa divulgação dele. Abre com "Way Out", atmosférica (palavra que serve para toda a apresentação), num clima de quase tranquilidade que dominaria a noite. Levantam o número de batidas por minuto com "Chime", empolgando o povo num momento histórico, como "Satan", de atitude rock e a guitarra do Metallica. A delicada "The Box" traz o momento mais bonito do show.
Passeios entre o electro e o techno se completam com a criatividade dos vocais femininos, em duas faixas, e com os surpreendentes samples de Belinda Carlisle ("Heaven Is a Place on Earth") e Jon Bon Jovi ("You Give Love a Bad Name") em "Halcyon & On", homenagem à mãe da dupla, viciada no tranquilizante que dá nome à música.
A maturidade dos Hartnoll Brothers proporcionou um show para ouvir e prestar atenção. Divertiu-se mais quem entendeu isso logo e não ficou ali apenas para pular e suar a camisa. Educação eletrônica, portanto.


Avaliação:   


Texto Anterior: Televisão: Documentário francês comemora 70 anos de Tintin
Próximo Texto: As batidas, o chão e os pés
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.