LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada

A insólita simbiose entre o duo americano Crystal Method e o chão, ele mesmo, tornou das mais animadas e sacolejantes a apresentação da dupla de big beat na noite eletrônica do Free Jazz, sábado no Jockey Club, em SP.
"Dance floor" em sua mais inspirada definição, o piso montado para suportar o público do Main Stage, ainda não totalmente lotado para o set dos britânicos do Orbital, recebia as poderosas batidas do Method e transferia, sem perda de vibração, direto para a planta dos pés da platéia. O fenômeno sacudia até o esqueleto de quem não tinha afinidade com as experimentações eletrônicas do duo.
O show do Crystal Method começou (e bem, com a bacana "Trip Like I Do") 50 minutos depois do horário previsto, atraso até perdoável, levando em conta o embaço danado que a dupla está levando para lançar seu segundo álbum.
O sucessor de "Vegas", que estava previsto para o meio deste ano, não deve chegar às lojas antes de junho do ano 2000. Mas do novo disco deu para sentir, com as novas "Beast", "Chunky Chester" e "Black Grape", que o Method vai partir para um som mais "viajante", sem abrir mão das batidas divertidas e hip hopescas do big beat.
Uma guinada rock'n'roll no final da apresentação dos DJs Ken Jordan e Scott Kirkland fez o show ficar ainda melhor. Antes das duas últimas músicas da noite -as batidaças, mas sempre ótimas, "Keep Hope Alive" e "Busy Child"-, um problema no teclado de Kirkland disparou sem querer uma barulheira de fazer inveja aos caras do Jesus & Mary Chain.
Tudo normal, Kirkland empunhou seu teclado e incorporou um autêntico guitar-hero (teclado-hero?), fazendo pose, empurrando a mesa, jogando o teclado no chão. Farofa?
Quem chegou pelo menos para as últimas duas músicas deve estar balançando o corpo até agora. Uma apresentação de chacoalhar o assoalho. Literalmente.

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