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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003

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Atração do Tim Festival, projeto inglês The Streets sonoriza a vida das "pessoas normais"

A voz das ruas

Divulgação
O inglês Mike Skinner, o homem por trás do projeto The Streets, que lança disco e se apresenta no Tim Festival em 1º de novembro


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Não é fácil ouvir The Streets, mas é fácil entender por que esse projeto, cujo álbum foi todo produzido dentro de um quarto, arrebatou os jovens ingleses, está em via de conquistar os americanos e, agora, aponta para o Brasil.
The Streets é a banda de um homem só -no caso, Mike Skinner, um londrino de 24 anos que toca no Tim Festival em 1º de novembro. O disco, "Original Pirate Material", lançado no Reino Unido em 2002 e nos EUA neste ano, chega às lojas brasileiras, segundo previsão da gravadora Warner, até o final deste mês.
De início, não é fácil ouvir porque a música é quebrada, não-convencional, guarda semelhanças com um monte de gêneros e ao mesmo tempo não se encaixa em nenhum. Após certo tempo, ao se acostumar com as batidas, com o forte sotaque britânico de Skinner, a música contamina. E aí, entende-se seu sucesso.
The Streets vendeu mais de 200 mil cópias de seu álbum só no Reino Unido porque fala diretamente -e do mesmo jeito- para os "adolescentes normais", gente que frequenta bares, guarda dinheiro para dançar em clubes nos finais de semana e frequenta estádios de futebol. Como diz o próprio nome, é a voz que vem das ruas.
E mais: Skinner não canta; ele praticamente fala sobre as bases das canções, vai contando suas histórias. "Em parte, isso ocorre porque o beat é diferente, quebrado, menos ritmado. Mas eu tento alcançar a mesma vibração", diz à Folha, por telefone, de Londres.
"As pessoas gostam de Streets porque falo de um jeito diferente, não é conversa de popstar. Escrevo sobre as coisas que vivo, que vejo nos jornais e na TV. Acho que é isso que gera empatia."
A temática de Skinner não lembra mesmo a dos popstars "comuns", e não são poucos os que o chamam de "poeta" -David Bowie, Thom Yorke e até David Gilmour, o líder do Pink Floyd. "Não sou nada disso. Nem tenho disciplina para ser um artista. Não gosto de auto-indulgência, por isso não me considero um artista ou um poeta."
Voltando à música do Streets: não há como classificá-la dentro de nenhum rótulo. Abriga as batidas quebradas do UK Garage, gênero que se apóia no drum'n'bass e no hip hop; há elementos da house, do reggae e do rock.
"Sempre ouvi muito rap, Run DMC, Beastie Boys, De La Soul. Também gostava de rock, cresci com o Radiohead", diz.
Skinner começou a fazer música aos 15 anos. Há dois, uma de suas primeiras produções como The Streets, "Has It Come to This", chegou à gravadora Locked On. Ele havia feito a canção com equipamento próprio, dentro de seu quarto, assim como todas as outras que entraram no disco. O próximo álbum, que ele espera lançar em fevereiro, segue o mesmo caminho.
"Devo terminá-lo antes de embarcar para o Brasil. Vivo numa outra casa agora, um pouco maior. Mas o disco novo sairá da mesma forma que o anterior. Continuo com o equipamento de gravação no meu quarto."


TIM FESTIVAL. Onde: MAM-RJ (av. Infante Dom Henrique, 85, Rio). Quando: de 30/10 a 1º/11. Quanto: de R$ 30 a R$ 80. Como comprar: tel. 0300-789-3350 ou pelo site www.ticketronics.com.br.

ORIGINAL PIRATE MATERIAL. Artista: The Streets. Lançamento: Warner. Quanto: R$ 35, em média.



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