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CRÍTICA
Simples e arrebatador
da Sucursal de Brasília
Gilberto Gil é um músico de
show. Platéias de japoneses, sem
entender uma palavra de português, cantaram e dançaram sob
seu comando. Nacionais de qualquer país se deixam enfeitiçar pelo ritmo e sons de Gilberto Gil.
Mas só brasileiros podem compreender integralmente a beleza e
a inventividade do conteúdo das
letras mais metafísicas que ele escreveu para algumas canções.
Quinze delas (uma -"O Som
da Pessoa"- em parceria com
Fonteles) estão no CD que vem
encartado em "Giluminoso". O
disco é intencionalmente despojado. Só Gil e seu violão. A impressão é a de que ele está ali mesmo, na sala de sua casa.
Segundo Fonteles, que produziu o CD, o intimismo não eliminou o perfeccionismo. Cada faixa
foi gravada pelo menos três vezes.
"Gostaria que todos os artistas se
espelhassem na humildade de Gil,
alguém que chegou onde ele chegou sem se colocar num pedestal", diz Fonteles sobre a disponibilidade do compositor para refazer -quantas vezes o produtor
julgasse necessário- cada canção para um disco com edição de
apenas 7.000 cópias.
O resultado é, ao mesmo tempo,
simples e arrebatador. "Copo Vazio", "Aqui e Agora", "Tempo
Rei", "Metáfora", "Cérebro Eletrônico", entre outras, ganham
versões que podem não ser as definitivas, mas, com certeza, figuram entre as melhores que esses já
clássicos receberam em quase 30
anos (em alguns casos) de vida.
Para quem cultua o trabalho de
Gil é interessante comparar algumas delas com as iniciais, à disposição na caixa lançada há um ano
com a retrospectiva completa dos
anos primeiros de sua carreira,
com faixas então inéditas.
É o caso de "Cérebro Eletrônico", primeiro um rock pesado,
agora uma leve cançoneta.
A impressão que o CD de "Giluminoso" dá é a de que o artista foi
se depurando, como aconteceu
com muitos em vários campos,
deixando tudo que é supérfluo
para se concentrar apenas no fundamental, no essencial.
Quando se fizer o julgamento final da arte de Gil, talvez se chegue
à conclusão, como Fonteles propõe, que a sua maior contribuição, para além da alegria contagiante de suas melodias, terá sido
a da sua poesia, singela, concisa e
expressiva.
(CELS)
Avaliação:
Livro (com CD): Giluminoso - A Po.Ética
do Ser
Autor: Bené Fonteles
Editora: Sesc São Paulo, UnB, Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo
Quanto: R$ 45 (284 págs.)
Lançamento: dia 23, às 19h
Onde: hall do teatro do Sesc Pompéia
(r.Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
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