São Paulo, Sexta-feira, 19 de Novembro de 1999
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CRÍTICA

Simples e arrebatador

da Sucursal de Brasília

Gilberto Gil é um músico de show. Platéias de japoneses, sem entender uma palavra de português, cantaram e dançaram sob seu comando. Nacionais de qualquer país se deixam enfeitiçar pelo ritmo e sons de Gilberto Gil.
Mas só brasileiros podem compreender integralmente a beleza e a inventividade do conteúdo das letras mais metafísicas que ele escreveu para algumas canções.
Quinze delas (uma -"O Som da Pessoa"- em parceria com Fonteles) estão no CD que vem encartado em "Giluminoso". O disco é intencionalmente despojado. Só Gil e seu violão. A impressão é a de que ele está ali mesmo, na sala de sua casa.
Segundo Fonteles, que produziu o CD, o intimismo não eliminou o perfeccionismo. Cada faixa foi gravada pelo menos três vezes. "Gostaria que todos os artistas se espelhassem na humildade de Gil, alguém que chegou onde ele chegou sem se colocar num pedestal", diz Fonteles sobre a disponibilidade do compositor para refazer -quantas vezes o produtor julgasse necessário- cada canção para um disco com edição de apenas 7.000 cópias.
O resultado é, ao mesmo tempo, simples e arrebatador. "Copo Vazio", "Aqui e Agora", "Tempo Rei", "Metáfora", "Cérebro Eletrônico", entre outras, ganham versões que podem não ser as definitivas, mas, com certeza, figuram entre as melhores que esses já clássicos receberam em quase 30 anos (em alguns casos) de vida.
Para quem cultua o trabalho de Gil é interessante comparar algumas delas com as iniciais, à disposição na caixa lançada há um ano com a retrospectiva completa dos anos primeiros de sua carreira, com faixas então inéditas.
É o caso de "Cérebro Eletrônico", primeiro um rock pesado, agora uma leve cançoneta.
A impressão que o CD de "Giluminoso" dá é a de que o artista foi se depurando, como aconteceu com muitos em vários campos, deixando tudo que é supérfluo para se concentrar apenas no fundamental, no essencial.
Quando se fizer o julgamento final da arte de Gil, talvez se chegue à conclusão, como Fonteles propõe, que a sua maior contribuição, para além da alegria contagiante de suas melodias, terá sido a da sua poesia, singela, concisa e expressiva. (CELS)


Avaliação:     


Livro (com CD): Giluminoso - A Po.Ética do Ser
Autor: Bené Fonteles
Editora: Sesc São Paulo, UnB, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Quanto: R$ 45 (284 págs.)
Lançamento: dia 23, às 19h
Onde: hall do teatro do Sesc Pompéia (r.Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)




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