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LIVRO
"Giluminoso - A Po.Ética do Ser", de Bené Fonteles, vem com um CD e traz textos de Caetano Veloso
Obra busca jogar luz sobre Gilberto Gil
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
Pode-se ou não gostar de Gilberto Gil. Mas não é possível lhe
negar uma vaga entre os cinco
mais influentes artistas da música
popular brasileira da segunda
metade do século. Conhecido e
admirado em quase todo o mundo, Gil, entretanto, foi objeto de
poucos estudos publicados.
No próximo dia 23, em São
Paulo, é lançado um novo livro
sobre Gil. Seu autor, Bené Fonteles, diz que quis "entender como
o compositor foi ao fundo do poço do sofrimento e da dor para
transmitir aos outros, por meio
da música, o que aprendeu."
"Giluminoso - A Po.Ética do
Ser" será lançado com shows nos
dias 23 e 24, às 21h (ingressos a R$
20 e R$ 10), no teatro do Sesc-Pompéia, em São Paulo.
O livro se divide em quatro partes: "Ao Compositor", um ensaio
de Fonteles, artista plástico, músico, poeta e ex-jornalista; "O
Compositor Disse", antologia
com 50 letras escolhidas por Fonteles e Gil; "O Compositor Me
Disse", depoimento de Gil a Fonteles sobre sua poesia; e "O Compositor Canta", CD inédito com
15 canções de e por Gil.
"Não sou jornalista nem escritor", afirmou Fonteles à Folha.
"Sou artista. Fiz um livro de artista para mostrar a alma de outro
artista." Ele diz que sua intenção
foi a de "mostrar o que motivou
internamente Gil a fazer uma
obra que redimensionou o pensamento de uma geração".
Fonteles conheceu Gil depois
de assisti-lo em um show em Fortaleza, em 1974. A canção "Filhos
de Gandhi" o tocou e o fez procurar o autor. Criou-se uma amizade solidificada pela identificação
pela defesa do ambiente.
Natural do Pará, residente em
Fortaleza, Salvador, Cuiabá, São
Paulo e, agora, Brasília, Fonteles,
46, tem obras nos acervos dos
museus de arte moderna de São
Paulo, Rio, Nova Iorque, Paris e
Bahia, participou de cinco edições da Bienal de São Paulo e tem
se dedicado há 20 anos ao movimento Artistas pela Natureza.
Tem também dois discos gravados: "Bendito" (1983), com Luiz
Gonzaga, Tetê Espíndola, Belchior, Egberto Gismonti, Luli e
Lucina, e "AÊ" (1992), com Gismonti, Tetê Espíndola, Duofel e
Ney Matogrosso. "Giluminoso",
7.000 cópias, tem ensaio fotográfico de Mário Cravo Neto, textos
de Caetano Veloso, fotos de Pierre Verger e ilustração de Arnaldo
Antunes. Embora grandes editoras tenham se interessado pelo
projeto, Fonteles diz ter optado
pela Editora da Universidade de
Brasília porque foi a única que lhe
deu total liberdade para fazer o livro como queria, sem restrições.
"Vamos entrar no poder do pequeno", diz ter proposto a Gil.
"Eu sou servo", respondeu Gil.
"Não é um livro para o ego de
Gil, nem é sobre sua importância
para a música popular brasileira.
É um trabalho para ajudar as pessoas a encontrarem seu norte, para confirmar para uma geração
mais nova que o trabalho de Gil
existe, jogar luz sobre ele, provocar a meditação", diz o autor.
Para ele, a poesia de Gil se expressa como haicais que orientam a vida das pessoas com sua
"cultura intuitiva, atávica", que
analisa "aspectos da transcendência", sem separar "a materialidade da espiritualidade".
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