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RELÂMPAGOS
Sul extremo
JOÃO GILBERTO NOLL
Eis-me por Pelotas em direção ao Carnaval dos mortos.
A mortalha com a cauda pelo
asfalto. Sou alguém que com
nada se parece. Não sou rei,
cardeal, vivo naufragando nas
águas dessa imagem. Visto o
que escondia num aquário
tinto para inebriar essa viagem -tão irreal que minhas
sandálias me sobrevoam feito
naves. Dói-me na mão o calo
da escrava. Sou aparição confessa. Ao chegar ao Laranjal
terei enfim um sumiço enluarado. À beira do mar doce de
fato a molecada vem e me escoiceia, sou levado morto em
andor e enterrado vivo, na
terra não me encolho com as
pedradas -pétalas. Sou a Baronesa sem o seu Museu, dele
só levo os galões de uma farda
ilustre por baixo das anáguas.
Aqui menstruo pelos poros,
ah!, e me desfaço em lendas,
sêmen...
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