São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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Diálogos foram desenvolvidos em colaboração

DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só a temática da violência urbana que aproxima "Contra Todos" de "Cidade de Deus". O preparo dos atores dos dois filmes também foi semelhante.
Durante os 15 dias de preparação para as filmagens, o diretor Roberto Moreira não entregou o roteiro para os atores, que improvisaram sobre temas relacionados aos de seus personagens, como a violência e a relação desgastada de um casal.
"Antes de filmar, soube que Fernando Meirelles não entregava os diálogos escritos para os atores. Achei que era o pulo do gato", afirma Moreira.
"Cada um foi improvisando a trajetória de seu personagem. Esse improviso se confunde um pouco com a história do próprio cinema, que você faz, mas não sabe como será o resultado final", conta Leona Cavalli, 34.
Leona sabia que sua personagem amava o marido, mas estava em uma fase de degradação familiar. "Não sabíamos o motivo, achávamos sempre que a culpa era do outro. E, no fim, o filme se revela outra coisa."
"Foi um trabalho de coral, dos atores e da equipe, um jogo em que você precisa confiar nos outros para se entregar, o que tem muito a ver com o teatro", completa.
A construção dos diálogos foi feita em colaboração entre os atores e o diretor. "A organização do Moreira foi genial. Ele priorizou a figura do ator, e a técnica ficava à nossa disposição", diz Silvia Lourenço, 28.
Na época das filmagens, Silvia estava se apresentando com seu grupo de teatro itinerante, o Engenho Teatral, no largo do Campo Limpo. A convivência com adolescentes da região a ajudou na composição da rebelde Soninha. "A opção de não entregar o roteiro cria outra responsabilidade para os atores", diz Silvia.


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