São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Di Tella compara ministério a circo

DE BUENOS AIRES

A Argentina tem um ministro da Cultura que é o próprio sr. Polêmica. Torcuato Di Tella, 75, sociólogo, professor da Universidade de Buenos Aires e fundador do Instituto Di Tella -celebrado como oásis vanguardista nas artes argentinas dos anos 60-, já encabeçou diversos escândalos de mídia, entre eles o de afirmar que a cultura não é prioridade no governo.
A mais recente sacudida na opinião pública argentina sobre seu ministro da Cultura tem origem numa entrevista que Di Tella deu na semana passada à revista alternativa "TXT", em que afirmou:
"O ministério é um circo: preciso de macacos, girafas, anões, elefantes. Mas, claro, não posso passar a mão no lombo do tigre nem posso reclamar se houver esterco no chão, porque, com tantos animais, é impossível não haver. Tenho gente que não se dá. A pantera não gosta do macaco, o macaco não gosta da mulher-barbada".
Na mesma entrevista, Di Tella voltou ao tema da prioridade à cultura. "O governo deve resolver primeiro o problema das crianças que morrem de fome, e não quem é a puta ou a imbecil que vai dirigir o Fundo das Artes", afirmou.
Nos bastidores do governo, fala-se na demissão do ministro. O anúncio estaria aguardando apenas o fim do Congresso Internacional da Língua Espanhola, para o qual Di Tella convidou dezenas de personalidades internacionais

Diplomacia Gil
Anteontem, a reportagem perguntou ao ministro Gilberto Gil -que foi criticado no Brasil ao afirmar, em seu discurso de posse, que o país precisava de "um do-in antropológico"- se é boa a metáfora do circo para um Ministério da Cultura. "Eu não a faria. Mas é preciso ver as razões de Di Tella." Diplomata, o ministro. (SA)


Texto Anterior: Política cultural: Sem polemizar, Gil discorda de argentinos
Próximo Texto: Morre Borjalo, pioneiro da Globo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.