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Morre Borjalo, pioneiro da Globo
DA REDAÇÃO
Morreu ontem no Rio de Janeiro, aos 79 anos, o cartunista Mauro Borja Lopes, o Borjalo, de falência múltipla dos órgãos em decorrência de câncer.
Borjalo é considerado um dos
mais importantes criativos da história da Globo, emissora na qual
ingressou em 1966. "Ao lado de
Daniel Filho e Renato Pacote,
Borjalo formava o meu tripé de
criação", disse à Folha José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que, junto com Walter Clark,
liderou o time que transformou a
então insignificante Globo na
maior rede de televisão do país.
Borjalo entrou na Globo um
ano antes de Boni, a convite de
Walter Clark. Ocupou o cargo de
diretor de produção e programação até a chegada de Boni, em
1967. Depois, passou a a ser assistente do próprio Boni.
O cartunista, nascido em Minas
Gerais em 15 de novembro de
1925, criou a vinheta que deu origem ao "plim-plim" de hoje, que
intercala a exibição de filmes com
comerciais. A vinheta, segundo
Boni, representava o diafragma
de uma máquina fotográfica que
se abria e fechava.
É obra de Borjalo também o boneco da zebrinha que anunciava
os resultados da Loteria Esportiva
no "Fantástico".
Até ontem, Borjalo continuava
funcionário da Globo, como assessor da central de criação. Também desenhava ilustrações de vinhetas de animação do "plim-plim". "Não tem uma novela da
Globo produzida até o ano passado que Borjalo não tenha tido
participação", afirma Boni.
Borjalo conheceu a televisão por
intermédio do jornalista Fernando Barbosa Lima. Nos anos 60,
trabalhou na agência de publicidade Esquire, de Barbosa Lima.
Antes da Globo, produziu para a
TV Rio, Excelsior e TV Itacolomi
(Belo Horizonte).
Com Barbosa Lima, Borjalo
participou da criação do "Jornal
de Vanguarda" (exibido pela Excelsior, Tupi e TV Rio), fazendo
bonecos para o famoso telejornal.
"O Borjalo tinha um traço genial. Ele começou a aprender televisão comigo", diz Barbosa Lima,
para quem o cartunista "vendeu a
alma ao diabo" ao trocar o cartum
por um cargo de executivo na
Globo. "Era essencialmente mineiro, um grande contador de histórias."
Para Álvaro de Moya, especialista em quadrinhos e também ex-executivo de TV, "Borjalo, entre
os cartunistas brasileiros de sua
geração, foi um dos mais criativos".
(DANIEL CASTRO)
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