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ARTES PLÁSTICAS
Após quatro anos de reformas, museu reabre amanhã como novo marco arquitetônico de Nova York
Remodelado, novo MoMA "rouba" a cena
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Em um amplo salão no meio de
Manhattan, Yoshio Taniguchi, o
arquiteto japonês por trás da reconfiguração do MoMA (Museu
de Arte Moderna de Nova York),
diz que sua obra não vai competir
com as peças que nela são exibidas. Mentira. Pelas galerias do novo prédio, é tão comum ver gente
olhando embevecida para paredes vazias, escadarias, vidraças e
mezaninos quanto para obras de
Pablo Picasso, Vincent van Gogh
e Jackson Pollock.
Quando o MoMA reabrir, amanhã, após quatro anos de reformas e US$ 858 milhões consumidos, os nova-iorquinos ganharão
não apenas seu querido museu de
volta, mas um novo marco arquitetônico. Valeu a pena esperar.
O endereço continua o mesmo,
na rua 53 com a Quinta Avenida
-nos últimos dois anos, quando
o prédio em Manhattan teve de fechar, o museu funcionou provisoriamente em um galpão no bairro
de Queens. Mas o projeto, que
consumiu sete anos de trabalho
de Taniguchi, renovou completamente a instituição para seu 75º
aniversário.
A área total passou de 35 mil m2
para 58,5 mil m2. A parte dedicada
a exposições -há ainda um cinema, um centro educacional, teatros e um restaurante, além da
parte administrativa- cresceu de
7.800 m2 para 11,6 mil m2. E o ganho não se limitou ao espaço.
"Queríamos transformar o museu em um grande laboratório",
explica Glenn Lowry, que dirige a
instituição desde 1995. "Agora está mais fluido, com múltiplas entradas para as galerias, possibilitando ao visitante diferentes leituras do acervo."
A idéia de avivar o MoMA foi
concretizada com maestria. As
galerias estão mais amplas, com
espaços vazados e inúmeras entradas. Há paredes móveis nas salas de exposições temporárias, e a
luz natural banha boa parte do
prédio. No chão, o acanhado carpete deu lugar a um piso de madeira clara que casa perfeitamente
com o traço simples e sofisticado
do arquiteto.
Também aumentou o espaço
dedicado à arte contemporânea,
que ficava escondida no prédio
anterior. Novas obras foram compradas. Segundo a direção, com
as novas aquisições feitas durante
a reforma, a representatividade
dos artistas sul-americanos "aumentou sensivelmente".
Na nova configuração, ganharam destaque as obras de alguns
artistas brasileiros. O paisagista
Roberto Burle Marx tem o projeto
de um de seus jardins exibidos no
setor de arquitetura, os irmãos
Fernando e Humberto Campana
têm sua cadeira Vermelha em cima de uma plataforma na área de
design, e Vik Muniz, uma imensa
tela com uma foto em chocolate
na parte de design gráfico.
Microcosmo
"Cobrimos três séculos de arte.
Passamos por sete expansões arquitetônicas, cada uma motivada
pela necessidade intelectual de
mudar a natureza da instituição.
Continuaremos a fazer isso até
quando pudermos, ainda que
uma hora sejamos obrigados a
nos tornar uma instituição mais
tradicional", afirma Lowry.
Com um acervo em contínua
expansão -o museu possui hoje
mais de 100 mil peças, das quais
"umas poucas mil" estão em exibição-, recriar o espaço era um
desafio fora do convencional. A
aposta de deixá-lo com o antes
pouco conhecido Taniguchi, que
nunca assinara um projeto fora
do Japão, provou-se certeira.
Aos 67 anos, ele é a quarta (e última) geração de uma família de
arquitetos. "Acho que entendo
um pouco do assunto", brinca. O
MoMA é seu nono museu.
Taniguchi usa sobretudo linhas
retas. "Eu gosto de ser original.
Agora todos os arquitetos estão
usando linhas curvas, ovaladas, e
isso virou um tremendo clichê",
diz. Ele, que também privilegia os
espaços contínuos, criou um
lobby que conecta o andar térreo
e permite a entrada por duas ruas.
A fachada em vidro, que buscou
preservar o traçado original, paredes vazadas por dentro e clarabóias permitem um bom aproveitamento da luz natural. "A luz do
sol transforma totalmente um lugar", afirma. Mais importante,
permitem admirar o jardim de esculturas, desenhado em 1953 por
Philip Johnson, da maioria dos
corredores e mezaninos.
"Eu tentei preservar a harmonia
com a vizinhança", diz Taniguchi.
"O local do MoMA é um microcosmo de Manhattan, que é uma
cidade construída em torno de
um parque. Tentei preservar isso.
Se não houvesse um jardim, eu teria de incluir um."
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