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MÚSICA
Um dos mais famosos MCs do país, Didier Awadi se apresenta amanhã com instrumentos tradicionais africanos
Hip hop do Senegal tempera a cena de SP
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A França é o segundo país com
mais artistas de hip hop do mundo (só perde para os EUA), e o Brasil não
sabe quase nada sobre o rap francês. O que dizer então do Senegal?
Nada. Ou melhor, quase nada,
porque São Paulo tem amanhã a chance de conhecer o rap senegalês, e
logo por meio de seu representante mais importante (ou famoso
fora do país), Didier Awadi, 36.
Quem espera ouvir uma versão
"exótica" do rap pode se decepcionar. As músicas de seu novo álbum solo, "Un Autre Monde Est
Possible", base do repertório do
show, é uma mistura da velha e da
nova escola do hip hop, com influências de reggae, soul e r&b. O
tempero africano fica por conta
de instrumentos tradicionais, como o kora e o djembe.
O que mais chama a atenção, no
entanto, são as letras, cantadas em
francês e wolof, idioma do Senegal, que tratam de temas como a
corrupção e outros problemas
políticos do continente, "para
acordar todas as consciências",
segundo Awadi. "Falamos sobre a
luta contra doenças como a Aids e
a malária, a guerra, as dívidas...
Meu rap é revolucionário", diz.
Natural da capital Dacar, Awadi
sempre foi engajado em causas
como essas. Ele conta que se iniciou no hip hop primeiro como
dançarino de break e depois passou a reproduzir os hits norte-americanos. "Há poucos anos, comecei a cantar na língua nacional,
o wolof, e fundei com meu amigo
Amadou Barry a Positive Black
Soul, o primeiro grupo de rap
africano [em 1989]", lembra ele.
A banda estreou em disco com
"Boul Fale", em 94, que saiu pelo
selo inglês Island Records. "O Positive Black Soul é mais que um
grupo. É uma filosofia consciente
sobre a posição dos negros no
mundo. A idéia é mostrar a melhor imagem da África. É uma resposta à representação negativa divulgada pela mídia."
Sobre o hip hop em seu país,
Awadi afirma que o Senegal é a
"terceira nação hip hop do mundo, depois dos Estados Unidos e
da França" -há quem diga que
essa posição é do Brasil...
"Temos 3.000 grupos profissionais em atividade. A cena senegalesa começou nos anos 80. É um
movimento independente que
contempla todos os estilos, mas
sempre com uma consciência social. Nossa particularidade é misturar a música tradicional africana com as batidas do hip hop."
Didier Awadi
Quando: amanhã, às 20h
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149,
centro, SP, tel. 0/xx/11/2168-1777)
Quanto: grátis (retirar ingressos com meia hora de antecedência)
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