São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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MÚSICA

Um dos mais famosos MCs do país, Didier Awadi se apresenta amanhã com instrumentos tradicionais africanos

Hip hop do Senegal tempera a cena de SP

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A França é o segundo país com mais artistas de hip hop do mundo (só perde para os EUA), e o Brasil não sabe quase nada sobre o rap francês. O que dizer então do Senegal?
Nada. Ou melhor, quase nada, porque São Paulo tem amanhã a chance de conhecer o rap senegalês, e logo por meio de seu representante mais importante (ou famoso fora do país), Didier Awadi, 36.
Quem espera ouvir uma versão "exótica" do rap pode se decepcionar. As músicas de seu novo álbum solo, "Un Autre Monde Est Possible", base do repertório do show, é uma mistura da velha e da nova escola do hip hop, com influências de reggae, soul e r&b. O tempero africano fica por conta de instrumentos tradicionais, como o kora e o djembe.
O que mais chama a atenção, no entanto, são as letras, cantadas em francês e wolof, idioma do Senegal, que tratam de temas como a corrupção e outros problemas políticos do continente, "para acordar todas as consciências", segundo Awadi. "Falamos sobre a luta contra doenças como a Aids e a malária, a guerra, as dívidas... Meu rap é revolucionário", diz.
Natural da capital Dacar, Awadi sempre foi engajado em causas como essas. Ele conta que se iniciou no hip hop primeiro como dançarino de break e depois passou a reproduzir os hits norte-americanos. "Há poucos anos, comecei a cantar na língua nacional, o wolof, e fundei com meu amigo Amadou Barry a Positive Black Soul, o primeiro grupo de rap africano [em 1989]", lembra ele.
A banda estreou em disco com "Boul Fale", em 94, que saiu pelo selo inglês Island Records. "O Positive Black Soul é mais que um grupo. É uma filosofia consciente sobre a posição dos negros no mundo. A idéia é mostrar a melhor imagem da África. É uma resposta à representação negativa divulgada pela mídia."
Sobre o hip hop em seu país, Awadi afirma que o Senegal é a "terceira nação hip hop do mundo, depois dos Estados Unidos e da França" -há quem diga que essa posição é do Brasil...
"Temos 3.000 grupos profissionais em atividade. A cena senegalesa começou nos anos 80. É um movimento independente que contempla todos os estilos, mas sempre com uma consciência social. Nossa particularidade é misturar a música tradicional africana com as batidas do hip hop."


Didier Awadi
Quando:
amanhã, às 20h
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, centro, SP, tel. 0/xx/11/2168-1777)
Quanto: grátis (retirar ingressos com meia hora de antecedência)


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