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RELÂMPAGOS
Encontro
no museu
JOÃO GILBERTO NOLL
Precisava me esconder.
Entrei no museu. O acervo
de borboletas microiluminadas na sala escura. Pronunciei algo como um mantra, sei lá, um langor imprevisto, espichado. Passei a
mão na boca. Senti os dedos
úmidos, um material mais
denso que a saliva. Não dava
para enxergar a cor naquela
escuridão. A porta bateu. Fui
ali. Trancada. Passos se
aproximavam. Estocadas no
breu. Cinco, seis golpes como se não arrebentassem em
cima de mim. "Tantos anos
sem dor física, não vai ser
agora", pensei. Enquanto
me apagavam, as asas de
uma borboleta estremeceram, não sei se atrás do vidro
ou na memória do assassino.
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