São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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TEATRO

Causa é impasse sobre preço do imóvel; programação do espaço agendada para o próximo ano foi cancelada

TBC não renova contrato e pode fechar

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Reaberto em 1999 após reforma seguida de reestruturação que lhe recuperou o prestígio e sobretudo seu público, o lendário Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), no bairro paulistano do Bixiga, volta a frequentar o noticiário sob a perspectiva de crise.
Diretora artística da casa, a atriz Fezu Duarte anunciou ontem que o projeto Novo TBC será encerrado este mês por não renovação do contrato de locação.
O TBC foi arrendado em 1998, por um período de quatro anos e meio, pelo empresário Marcos Tidemann (postos Hudson), que investiu cerca de R$ 4 milhões no prédio da rua Major Diogo.
Segundo Duarte, 26, filha de Tidemann, a intenção era comprar o imóvel por R$ 4 milhões. A proprietária, Magnólia do Lago Mendes Ferreira, no entanto, não quer menos de R$ 6 milhões.
Ferreira, 62, confirma a tentativa de negociação para a venda, mas diz estar surpresa com a medida.
Se o contrato fosse renovado, a partir de abril, segundo Fezu Duarte, o aluguel passaria de R$ 33 mil para cerca de R$ 38 mil.
As chaves do teatro serão entregues na próxima sexta-feira. Funcionários foram demitidos. Segundo Duarte, o recesso no TBC iria de janeiro a fevereiro, reabrindo a temporada a partir de março.
Inaugurado em 1948, uma iniciativa do engenheiro italiano Franco Zampari (1898-1966), o TBC, um dos marcos do moderno teatro nacional, foi adquirido por Ferreira na década de 80. Ela o alugou para a prefeitura por 12 anos e, em 98, para Tidemann.
Segundo a diretora artística, o custo mensal da casa chega a R$ 80 mil, entre aluguel e folha de pagamento, inclusive o elenco da Cia. de Repertório do TBC. Duarte calcula investimento de R$ 1 milhão/ano para viabilizar o teatro.
"Hoje em dia só a bilheteria não sustenta um espetáculo e o apoio do empresariado e das leis de incentivo sempre foram imprescindíveis", diz.
"O TBC não vai fechar. Vou reabri-lo. Eu adoro o teatro, é a minha vida", diz Magnólia Mendes Ferreira.


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