da Reportagem Local

Com as máximas "arte é vida" e "vida é arte", com o seu "conceito expandido de arte" e com sua "escultura social", o artista alemão Joseph Beuys mudou para sempre o mundo das artes plásticas contemporâneas.
Beuys declarou que a traumática experiência da guerra (como piloto, ele foi gravemente ferido em 1943) e a consciência de Auschwitz haviam sido o ponto de partida para a sua criatividade artística.
Os desenhos e modelos que Beuys criou em 1957 para uma competição de um memorial no campo de concentração de Auschwitz estão sendo exibidos pela primeira vez na mostra "Imagens da Alemanha", em Berlim.
Uma vitrine organizada por Beuys em 1968 e intitulada "Demonstração de Auschwitz" reforça a declaração do artista.
Nessa vitrine estão 14 objetos que o artista utilizou em performances entre 1956 e 64, incluindo um fogão elétrico com barras de gordura, um disco com salsichas em estado de putrefação e um crucifixo dentro de um prato -fragmentos da iconografia desse gênio artístico cujos significados permanecerão para sempre elusivos.
Mas o grande destaque é a obra "Bens Econômicos" (1980): seis estantes com produtos alimentícios da antiga Alemanha Oriental e União Soviética, instaladas em contraste com pinturas burguesas do século 19.
Nela, Beuys preservou a estética simplória do cotidiano socialista ao mesmo tempo em que levantou questões polêmicas sobre as ambivalentes relações entre arte, burguesia e economia.
Em 1967, Beuys, Richter, Polke e outros 20 artistas alemães participaram da exposição "Homenagem a Lidice", que René Block organizou na sua galeria em Berlim Ocidental e levou para Praga um ano depois.
A exibição foi um presente para a cidade de Lidice, próxima a Praga, que tinha sido completamente exterminada pelas tropas da SS em retaliação ao assassinato de um general nazista em 1942.
As obras -dadas como perdidas desde a invasão de 1968 que encerrou Praga por detrás da Cortina de Ferro e redescobertas depois da abertura em 1996- estão remontadas nessa mostra, reproduzindo a exposição original. (MF)


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