São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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MERCADO
Após a fusão Universal/PolyGram, podem restar só quatro majors
BMG quer comprar EMI e ser a nº 1 das gravadoras




IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

A BMG planeja comprar a EMI em 1999. As negociações entre duas das cinco maiores gravadoras do mundo acontecem há pelo menos dois meses.
Caso o negócio seja concretizado, a BMG pode se tornar a líder do mercado mundial de CDs, com cerca de 25% de participação nas vendas em todo o planeta.
Na semana passada, toda a configuração do mercado foi mudada com a fusão da PolyGram com a Universal. A PolyGram -segunda maior gravadora do mundo, com 17% de participação no mercado- foi comprada pela indústria canadense de bebidas Seagram, que já possuía a Universal -a sexta do planeta, com 6%.
Assim, o "Big Six" se transformou num "Big Five", com a nova Universal no topo do pódio -23% de participação global. No ano que vem, poderemos ter um "Big Four", com a BMG na cabeça.
Por enquanto, o assunto está restrito ao altíssimo escalão. Procuradas, as sedes das gravadoras na Alemanha (BMG) e na Inglaterra (EMI) se negaram a dar informações. Os presidentes brasileiros de ambas as empresas não comentaram o assunto.
Outra empresa interessada na compra da EMI é a americana News Corp., do megaempresário Rupert Murdoch, que controla os estúdios Twentieth Century Fox e a rede de TV Fox.
Não é a primeira vez que a EMI (Electric and Musical Industries) está sendo cobiçada. Desde 96, companhias como Walt Disney e a própria Seagram -que ofereceu US$ 9 bilhões- sondam a gravadora inglesa. A razão é simples: é a única das grandes que não tem uma empresa maior por trás.
Além disso, a EMI tem um dos catálogos mais respeitáveis do mundo. Para começar, os Beatles. A maioria das grandes bandas de rock inglesa, como Pink Floyd e Queen, são da EMI.
A EMI é a mais velha companhia de discos do mundo. Começou a operar em 1897, vendendo gramofones e o que quer que tocasse neles.
Apesar da história, a EMI tem tido problemas financeiros. No mês passado, anunciou que seu lucro no primeiro semestre de 98 teve uma queda de 22%. O grupo botou a culpa na recessão asiática e no desaquecimento da economia brasileira -o Brasil é o sexto maior mercado do mundo, com 3% das vendas globais em 97, segundo a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica).
Ao contrário da centenária gravadora, a BMG (Bertelsmann Music Group) é relativamente nova no mercado, criada em 1979. Mas quem está por trás dela é o grupo Bertelsmann, que começou como uma gráfica nos anos 30.
É um gigante alemão que possui cerca de 300 companhias, entre jornais, revistas, estações de rádio, redes de TV e serviços on line nas Américas, Europa e Ásia.
A Bertelsmann possui, por exemplo, a Random House, a maior editora em língua inglesa do mundo, e, em outubro deste ano, comprou 50% das ações do serviço de vendas de livro por Internet da Barnes & Noble, a maior cadeia norte-americana de livrarias.
O faturamento anual da companhia chega a US$ 15 bilhões, segundo a revista "Fortune". É mais que a Warner (US$ 13 bilhões) e bem menos que a Sony Mundial (US$ 60 bilhões, incluindo eletrônicos), mas é três vezes maior que o faturamento da cobiçada EMI, que vendeu US$ 5,5 bilhões em 97 -antes da queda deste ano.



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