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LIVRO - LANÇAMENTOS
Obra conta histórias da paixão em trio
CYNARA MENEZES
da Reportagem Local
Que "cara-metade", "outra
banda da laranja", que nada.
Por que ser dois,
se é possível ser
três? É o que
propõem os autores de "Amor a Três", Barbara e
Michael Foster e Letha Hadady,
eles próprios um trio de amantes,
que se dedicaram a buscar em livros e na vida real as histórias de
quem optou pela paixão em trio.
São reis, rainhas, atores, escritores, filósofos, políticos e artistas
que têm sua energia amorosa e sexual desnudadas nas páginas do livro. Com mais exatidão, há até
mais de três amantes que às vezes
se confundem na mesma relação.
Por exemplo: o caso da pintora
Vanessa Bell, irmã de Virginia
Woolf, casada com o colecionador
de arte Clive Bell, que viveu um intenso triângulo amoroso com os
poetas David (Bunny) Garnett e
Duncan Grant.
Grant, na realidade possuído pelo amor por Garnett, aceita o ménage proposto por Vanessa, e todos seguem juntos para o campo.
Para manter o triângulo, ela aceitava as exigências de Bunny e era
mediadora das explosões entre os
amantes, motivadas pelas constantes escapadas de Garnett. A trama torna-se mais curiosa porque,
anos depois, Bunny Garnett se casa
com a filha de Grant e Vanessa,
Angelica, 20 anos mais nova, para
desespero do pai, que não suportou o afastamento do amante.
É nesse tipo de história que o livro se fundamenta, e é aí que a tese
de "felicidade a três" demonstra
fragilidade. Não há muitos indícios, no livro, de que qualquer delas tenha sido feliz -a não ser a
dos autores, que mais detalhes não
dão sobre sua experiência.
A relação entre Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, pontuada
de casos extraconjugais de ambos
os lados, mostra muitos aspectos
de dor extrema. Simone buscava
emoção nos braços de suas pupilas. Sartre se apaixonava por elas.
Entre os políticos, há o romance
entre François Miterrand e Anne
Pingeot, revelado pouco antes de
sua morte, em 96. No enterro do líder francês, Pingeot e Danielle Miterrand dão uma lição de dignidade, mas não há indícios de que tivessem sido felizes compartilhando o mesmo homem.
Também é assim com o casal Henri-Pierre Roché e Franz e Helen
Hessel, que teriam inspirado o filme "Jules e Jim", de François Truffaut. Henri-Pierre vivia pensando
em fugir dos sentimentos pela poderosa Helen, denominada pelo
marido de "o general".
Com a inglesa Dora Carrington
(inspiradora do filme "Carrington") e seus amantes, o homossexual Lytton Strachey e Ralph Partridge, não é diferente. Carrington
sofre em manter Partridge por perto para ter Strachey a seu lado.
Voltando ao princípio: por que
não três? Talvez porque, levando
em conta o livro, se com dois é difícil, um terceiro personagem pode
ser só um complicador a mais.
˛
Livro: Amor a Três
Autores: Barbara Foster, Michael Foster e
Letha Hadady
Lançamento: Rosa dos Tempos
Quanto: R$ 39 (486 págs.)
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