ISRAEL DO VALE
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, abriu ontem sua primeira "turnê" oficial à frente da pasta, em Cannes, na França, onde acontece o Midem, maior feira da indústria fonográfica mundial.
Gil presidiu a conferência "A Evolução do Mercado Brasileiro e a Produção Independente", que deu início às atividades da delegação musical brasileira no evento, que tem o país como tema.
O mote foi estampado em faixas com os dizeres "Brazil makes sense" (O Brasil faz sentido), espalhadas pelo local. Gil falou ao lado do diretor da Associação Brasileira de Música Independente, Eduardo Muskat, com o representante do escritório da música francesa no Brasil, Bruno Boulay, e com o presidente da Brasil Música e Artes, José Carlos Costa Netto.
De terno cinza e gravata listrada, o ministro disse que o momento é propício para que se discuta cultura além da esfera econômica. "É preciso olhar a indústria cultural também em suas dimensões social, cultural e simbólica."
Aproveitando a deixa de Muskat, que comparou a produção musical independente à comida orgânica -do ponto de vista de algo mais saudável- Gil lembrou seus tempos de exílio londrino, dizendo que, nos anos 60, isso tudo era "exótico", diferente de hoje. Em resposta a uma pergunta sobre as favelas, o ministro (que falou em francês, inglês e espanhol) disse que pretende, "em vez de só levar cultura para as favelas, levar a cultura das favelas para a sociedade brasileira".
Gil disse também que pretende criar novas secretarias, para as áreas de museus e de música. Para a última, afirmou que vai convidar o pesquisador Hermano Vianna. Ontem à noite, Gil se encontraria com o ministro da cultura da França, Jean-Jacques Aillagon. Depois de passar por Paris, deve integrar-se à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Davos, onde acontece o Fórum Econômico Mundial.