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"CANÇÕES DA TERRA DE MINHA MÃE - EXÍLIOS NO IRAQUE"
Filme curdo tem valor histórico
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo ao chegar a Bagdá, horas
antes da invasão liderada pela
invasão anglo-americana, em
2003, este repórter percebeu que,
além da falta de gente nas ruas
(àquela altura estavam todos escondidos, esperando pelo pior,
que veio), não havia cinemas.
Na verdade, havia dois ou três,
mas eram lugares de "pegação",
que os homossexuais masculinos,
proibidos de existir por lei, usavam para namorar, não se importando que as telas e os projetores
permanecessem em silêncio.
Saddam Hussein e seus filhos
controlavam a produção cultural
do país, da TV à literatura, ao teatro -e, para má sorte do povo,
não ligavam para cinema. Viam
produções egípcias (a Hollywood
do mundo árabe é o Egito) quando visitavam incógnitos Amã, na
Jordânia, ou Damasco, na Síria.
Entra em cena o cineasta curdo
Bahman Ghobadi, 37. Autor de
"Tempo de Embebedar Cavalos"
(2000), já exibido no Brasil, ele estava em Bagdá no dia da queda de
Saddam Hussein, no começo de
abril. Fez o que pode ser chamado
de primeiro filme de ficção realizado em solo iraquiano no pós-guerra, "Tartarugas Podem Voar"
(2004), também exibido aqui.
Hoje, estréia o filme que fez entre esses dois, "Canções da Terra
de Minha Mãe - Exílios no Iraque". Road movie dramático,
com toques humorísticos, se passa na década de 80, no Curdistão,
durante a Guerra Irã-Iraque.
Um músico abandonado pega
seus filhos, um solteirão inveterado e outro casado com sete mulheres, mas infeliz por não ter nenhum herdeiro, e parte em busca
da amada. Para tanto, terá de cruzar a fronteira Irã-Iraque.
Como filme não é grande coisa,
e a platéia ocidental pode estranhar o ritmo lento; como registro
histórico, é imperdível.
(SÉRGIO DÁVILA)
Canções da Terra de Minha Mãe - Exílios no Iraque
Gomgashtei dar Aragh
Direção: Bahman Ghobadi
Produção: Irã, 2002
Com: Shahab Ebrahimi, Faegh
Mohamadi, Allah-Morad Rashtian
Quando: a partir de hoje, nos cines
Espaço Unibanco, Frei Caneca Unibanco
Arteplex e Sala UOL
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