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CRÍTICA
O último grito do Ipiranga
DA REPORTAGEM LOCAL
O sol estava prestes a torrar os
miolos dos críticos de moda
quando as modelos começaram a
apresentar, plácidas e frescas, na
longa pista que circundava os jardins do Museu do Ipiranga, o outono-inverno 2006 da Cavalera.
Ninguém estava esperando
muita coisa, pelo histórico recente
da marca. Mas, de repente, tudo
foi ganhando outro aspecto, o sol
mesmo parecia ter amenizado sua
tortura, diante de uma coleção
acentuadamente marcada pela
busca do novo e da transformação. É sempre um risco, na indústria da moda, tentar coisas inusuais.
A Cavalera assumiu esse desafio, em roupas que experimentaram formas e composições audaciosas, com recursos muito elaborados, como os vestidos feitos a
partir de rendas renascença tecidas no Nordeste e os bordados
trapunto recheados de espuma.
A Maria Bonita fez um desfile
impecável, repleto de sutilezas na
modelagem e no uso das estampas, elaboradas pela artista plástica Sandra Cinto.
As formas, muito leves, brincavam com o corte, o volume e as
texturas, às vezes em controladas
desconstruções. A elegância notória da marca ganhou ares mais
contemporâneos.
O desfile da Zapping não causou entusiasmo como o da
Zoomp, que apresentou anteontem uma coleção forte, recuperando os bons tempos de seu estilo casual. A Zapping perdeu-se
em clichês do streetwear e reiterações sem novidades de suas coleções passadas -e os ótimos sapatos (da Schultz) chegaram a chamar mais atenção do que as roupas.
(ALCINO LEITE NETO E VIVIAN WHITEMAN)
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