São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 2001

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Vik Muniz pretende fazer com que nova-iorquino olhe para o céu

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Dizem os locais que um nova-iorquino legítimo não olha para o céu para não parecer turista. Um brasileiro internacional vai tentar reverter essa máxima de maneira original a partir de hoje. O fotógrafo multimídia Vik Muniz põe no ar sua instalação "Clouds".
Põe no ar é exatamente o termo: "Clouds" (Nuvens) acontece nos céus de Manhattan. Por quatro vezes nos próximos seis dias, um avião de pulverização de lavoura modificado formará com gás desenhos da maneira como foram imaginados por Muniz.
Enquanto o avião mostrar suas nuvens simples sobre os prédios da cidade, o artista pretende fotografá-las, criando aí uma outra mostra, ainda sem previsão de estréia. "A observação de nuvens é uma diversão secular. O que uma pessoa vê como uma carruagem, outra enxerga como urso ou um grupo de anjos", afirma ele.
Vik Muniz, 39, vive nos EUA há 20 anos e é um dos brasileiros de maior repercussão internacional nas artes atualmente. Seus trabalhos usam materiais inusitados na composição, como chocolate, arame e, agora, ar. "Ele é um ilusionista, um provocador", diz o historiador Kirby Gookin.
No mesmo dia, será exibido o documentário "Worst Possible Illusion: The Curiosity Cabinet of Vik Muniz" (A Pior Ilusão Possível: O Curioso Gabinete de Vik Muniz), com depoimentos da artista Cindy Sherman, do ator Oliver Platt e de David Byrne.
Além disso, Muniz está com uma individual no Whitney Museum, na mesma Nova York. Chama-se "The Things Themselves: Pictures of Dust" (As Coisas em Si: Imagens de Poeira) e foi criada a partir de resíduos que o artista recolheu do próprio chão do Whitney. Ele é o primeiro brasileiro a ganhar uma exposição no prestigioso museu.
São dez fotos em formato grande que reproduzem esculturas minimalistas já mostradas pelo Whitney, obras de gente como Richard Serra e Barry Le Va. A origem da exposição foi uma visita do artista ao Centro Georges Pompidou, em Paris, durante uma greve de funcionários. As obras estavam cobertas de pó, pois não eram limpas há meses.
Por fim, o artista terá, pela primeira vez em sua carreira, sua obra completa exibida em um museu brasileiro. Em março ganha mostra no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ) e, em junho, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).

Na Internet: www.creativetime.org


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