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MÚSICA/LANÇAMENTOS
ROCK
Após o fim do Faith No More, vocalista dá prosseguimento ao grupo Fantômas, que investe no terreno experimental
Mike Patton mergulha no caos sonoro
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para a maioria das pessoas, Mike Patton é um nome associado
aos anos 90 -líder de uma banda
tão importante para a década passada quanto o Tears for Fears foi
para a anterior. Mas para um público fiel e espalhado por todo o
planeta, o vocalista é um dos mais
importantes nomes da história da
música (e não apenas pop), sendo
comparado a artistas igualmente
idiossincráticos, como John Zorn,
Frank Zappa ou George Clinton.
"Sou muito agradecido pelo fato de algumas pessoas gostarem
do que eu faço, mas faço em primeiro lugar para me agradar",
conta à Folha, por e-mail, Patton,
36, que lança "Delirium Córdia",
o terceiro disco de um dos seus
inúmeros projetos pós-FNM, o
grupo Fantômas. "Não busco
atingir um certo público", explica
o vocalista sobre a relação entre
seus velhos e novos fãs. "O Faith
No More acabou faz tempo. Acho
que a maioria dessas pessoas [que
ouviam FNM] está morta ou ouvindo Sting, hoje em dia. Não faço
a menor idéia."
Formado por Patton, Buzz Osbourne (guitarrista dos Melvins),
Dave Lombardo (baterista do Slayer) e Trevor Dunn (ex-baixista
do Mr. Bungle, primeira banda de
Patton), o grupo dá continuidade
ao disco anterior, "Director's
Cut" (2002), de forma inusitada
-se antes homenageavam o
mundo das trilhas sonoras regravando temas clássicos do cinema
de horror, neste preferem fazer
um filme sonoro.
"Delirium Córdia", o terceiro
álbum do Fantômas, é mais um
vôo no abismo da não-canção em
que Patton flutua desde os dias do
Mr. Bungle. Dedica-se a visitar todos os territórios da música gravada, de preferência simultaneamente. O resultado é uma música
psicótica, pesada e paranóica. A
arte de Patton -tocada apenas
com a boca, que o cantor encara
como instrumento- é um desenho animado ultraviolento.
Mas "Córdia" é apenas o primeiro dos vários planos de Patton
para 2004, que acaba estrear sua
carreira de ator. "Foi ótimo!",
lembra, "um grande desafio". O
vocalista participa do filme "Firecracker", vivendo dois papéis
complementares: ele é o irmão
mais velho e bêbado do protagonista Jimmy e o dono do circo para onde Jimmy vai depois de fugir
de casa. "O filme é bem esquisito", completa Patton.
Ele ainda tem em seus planos
colaborações com o maestro finlandês dos samples Kaada, com
o rapper Rahzel e com o grupo de
DJs X-ecutioners. "Vamos gravar
um disco de batalha: Mike Patton
versus os X-ecutioners." Mas o
grande acontecimento, em termos de mercado, será a colaboração dele com a cantora islandesa
Björk! "Sou fã da música dela e ela
da minha e nos conhecemos num
festival na Europa. Estou pensando em fazer um disco só de versões de músicas do Iron Maiden e
do Ratos de Porão", desconversa
com seu humor sórdido.
Pilotando sua própria gravadora, a Ipecac, Patton explica que a
montou apenas para lançar seus
próprios discos. "Passar muito
tempo preocupado com o lado
comercial e vendas afeta o seu trabalho como artista."
Sobre seus afazeres para o ano,
Mike Patton arremata: "Turnê
com o Fantômas. Turnê com o
Rahzel. Acabar o outro disco do
Fantômas. Aí tem o Peeping Tom,
o disco com os X-ecutioners, o
trabalho com a Björk, o trabalho
com o Kaada, o disco novo do Tomahawk e talvez mais filmes. Pela
Ipecac saem as Desert Sessions, o
Kid 606, Pink Anvil... Um ano devagar".
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