São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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RUÍDO

Downloads de Marisa

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo de Ed Motta, Marisa Monte ainda coloca restrições à disponibilização avulsa de músicas suas para download via internet. Ela só permite baixar seus álbuns inteiros no iMusica (por enquanto a única loja virtual nacional que se assemelha, de longe, à coqueluche iTunes).
Segundo Claudio Campos, do iMusica, somados os preços das faixas, o custo final sai por R$ 28 -o preço de um CD na loja, mas sem a capa.
O empresário de Marisa, Leonardo Netto, diz que não é bem assim. "Esse contrato foi feito há uns quatro anos. Estamos neste exato momento renegociando para disponibilizarmos o catálogo da Phonomotor (selo de Marisa) por músicas", explica.
Segundo ele, a artista não faz nenhuma ressalva à necessidade de desmembrar seus álbuns. É menos radical, pois, que Ed Motta, que prefere ironizar a "moda" dos downloads:
"Quando essa prática se transformar em praxe pode deixar que eu vou achar charmosinho ver meu disco transformado em coletânea de compactos, assim como fico impressionado com a criatividade dos DJs nessas pérolas intituladas remix".
Outros artistas ouvidos pela Folha colocam lenha no assunto, sob condição de anonimato: afirmam temer um monopólio do iMusica e esperam o mercado local de downloads ficar mais competitivo -e rentável.

LÁ E CÁ
Sai no final de março, em lançamento mundial, "In Rotation", encontro entre o DJ Marky e Xerxes. A reunião ainda não tem data certa para ganhar edição nacional -mas a Universal quebrou seu tabu contra a eletrônica nacional e firmou acordo de distribuição com o Innerground, selo independente de Marky e Xerxes.

SECOS & PAREDE
Consuma-se em março o encontro entre o veterano Ney Matogrosso e os modernos Pedro Luís e A Parede. O cardápio de "Vagabundo" inclui regravação de "Assim Assado", dos Secos & Molhados, e composições das vanguardas paulista (Itamar Assumpção, Alzira Espíndola) e carioca (Antônio Saraiva, Rodrigo Cabelo).

TECNOMACUMBA
A maranhense Rita Ribeiro retomará no projeto "Tecnomacumba" as fusões testadas na inaugural "Jurema" (97). Sem gravadora, ela pretende registrar ao vivo versões inéditas e "eletronizadas" de música ritual brasileira, tipo "Domingo 23" (Jorge Ben), "Oração ao Tempo" (Caetano Veloso) e "Cavaleiro de Aruanda" (Tony Osanah, gravada por Ronnie Von).

OUÇA, LEIA, VEJA
O rapper Thaíde prepara também na base do "faça você mesmo" seu primeiro disco solo. Além desse, pretende produzir um CD como integrante da banda Edição Especial. E lançar um livro contando a história do hip hop nacional sob seu ponto de vista. E mostrar num documentário o hip hop "do jeito que ele é, não do jeito que estão vendo". Escaldado, ele diz que não deve prometer datas de conclusão.

HIBERNANDO
Paralisada desde a semana passada, a Eldorado diz que vai tentar licenciar seu catálogo (que inclui raridades do samba e música brasileira contemporânea) para que ele continue em circulação. E que o fechamento não é definitivo: a gravadora afirma que espera momento econômico mais adequado para retomar atividades.

@ - psanches@folhasp.com.br

O NÃO-LANÇAMENTO

Já que é Carnaval... Quem é antigo ou gosta de cultivar memória não passará a data sem pensar em Marlene e Emilinha Borba, rainhas absolutas dos Carnavais românticos da primeira metade do século 20. Em 1977, Marlene tentava recuperar a lembrança já esburacada nessa "Antologia da Marchinha" (Philips, hoje Universal). O disco reunia em sua voz firme pot-pourris de gala com o que ela e o produtor Aloysio de Oliveira julgavam ser a nata do formato marchinha. Portavam os estandartes de João de Barro, Lamartine Babo, Assis Valente, Noel Rosa, Joubert de Carvalho, Custódio Mesquita, Ary Barroso e Francisco Mattoso. Mas também abriam alas aos carnavais melancólicos de Tom Jobim e Chico Buarque. Se fosse hoje, por certo fantasiariam Los Hermanos, Marcelo D2 e Lanlan.


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