São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2005

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DVDs

"... E O VENTO LEVOU" Cheio de documentários, lançamento reúne 5 horas de extras

Edição consagra bastidores do clássico "filme de produtor"

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

1939 foi um ano mítico em Hollywood, o que se refletiu na histórica cerimônia do Oscar de 1940, que teve indicados "No Tempo das Diligências", de John Ford, "O Morro dos Ventos Uivantes", de William Wyler, "A Mulher Faz o Homem", de Frank Capra, "Ninotchka", de Ernst Lubitsch, "O Mágico de Oz", de Victor Fleming, e o grande vencedor, com oito Oscar e dois prêmios técnicos especiais, "... E o Vento Levou", também de Fleming.
É um naipe de filmes de arregalar os olhos sob qualquer ponto de vista. Esteticamente, "... E o Vento Levou" perdia para todos, mas não segundo os critérios que interessavam (e ainda interessam) a Hollywood. Foi o melhor filme do ano por tudo o que representou para o cinema americano como indústria, e seu autor, pela lógica, não foi o diretor, mas o produtor David O. Selznick.
"... E o Vento Levou" é o exemplo máximo do "filme de produtor", em oposição à categoria do "filme de autor", consagrada pela leitura revolucionária do cinema americano feita pelos franceses no fim dos anos 50. Tanto que três diretores diferentes passaram pelo set deste épico: George Cukor (que se desentendeu com o astro Clark Gable e com Selznick), depois Victor Fleming (que teve um colapso antes do fim das filmagens) e, enfim, Sam Wood.
Selznick foi a figura-chave. Gênio da propaganda, criou o mito "... E o Vento Levou". Soube fazer de sua criatura um fenômeno de marketing desde o berço. As lendas que cercam a produção se acumularam a ponto de o "em torno" ter se tornado mais interessante e importante que o filme.
Ganharam igual importância os memorandos emitidos por Selznick entre maio de 1936 e outubro de 1941, que serviram de fonte para o documentário "O Making Of de uma Lenda", uma das principais atrações desta nova edição.
Assistir a "O Aviador", de Martin Scorsese, e em seguida ver os documentários de "... E o Vento Levou" talvez seja a melhor forma de compreender a Hollywood da época, movida pelo risco e pelo desejo de produtores-generais. Cada uma a seu modo, essas duas obras lançam luz sobre os tempos de hoje, ao mostrar que a cultura do marketing e da celebridade não é criatura do século 21.
A caixa traz dois discos com mais de cinco horas de extras. O primeiro concentra os documentários em torno da realização do filme, com destaque para making of realizado em 1989. Há, ainda, um documentário sobre o delicado processo de restauração, um cinejornal sobre a pré-estréia na cidade de Atlanta, cenas dubladas em várias línguas e um curta chamado "The Old South", dirigido por Fred Zinnemann, feito para passar nos Estados que não estavam familiarizados com a cultura sulista e, assim, "preparar" o público para o longa em si.
O outro disco concentra-se no elenco, com documentários sobre Gable e Leigh, um com depoimento de Olivia de Havilland e outro que junta a história dos atores coadjuvantes.
... E o Vento Levou (edição de colecionador)
    Direção: Victor Fleming Lançamento: Warner; R$ 100

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