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Copacabana enfrenta ressaca após o show
DA SUCURSAL DO RIO
Os catastrofistas perderam,
mas os otimistas devem comemorar com moderação. O show dos
Rolling Stones, que levou à praia
de Copacabana mais de 1 milhão
de pessoas -1,2 milhão segundo
a Polícia Militar; 1,3 milhão para o
Corpo de Bombeiros- anteontem, não teve mortes ou grandes
tumultos, mas também esteve
longe de ser uma ode à harmonia.
O cenário era devastador: lixo
em abundância, cheiro de urina,
pessoas caídas no chão -incluindo crianças- e ônibus superlotados. A Prefeitura do Rio e os promotores não conseguiram resolveram uma questão fundamental:
como fazer com que as ambulâncias deixassem Copacabana com
rapidez. Elas ficavam paradas no
engarrafamento da avenida Nossa Senhora de Copacabana, a única saída do bairro, já que as duas
pistas da orla estavam lotadas. Se
houvesse gente em estado grave,
poderiam ter morrido.
"Alguém pode ter gostado [do
show], mas para nós foi um inferno", afirmou o chefe do Estado
Maior do Corpo de Bombeiros,
coronel Marcos Silva. "Não havia
uma via expressa para sairmos, tínhamos dificuldade de chegar até
as vítimas", disse.
Os bombeiros fizeram 600 atendimentos, a maioria por excesso
de bebida. Três homens foram esfaqueados, mas estão fora de perigo. Nos quatro postos montados
pela secretaria municipal de Saúde, houve 478 atendimentos, incluindo um traumatismo craniano, um infarto e um edema pulmonar. Um barco virou, e quatro
pessoas foram resgatadas. Ainda
houve 230 ocorrências registradas
nas delegacias.
Para a promotora Denise Tarin,
do Ministério Público, o esquema
da Prefeitura fracassou, especialmente a CET-Rio (Companhia de
Engenharia de Tráfego), por não
ter criado "vias de fuga". "Vamos
pedir relatórios de todas as empresas públicas envolvidas. E avaliar se é o caso de outro show na
praia em março", disse ela, referindo-se a uma possível comemoração do aniversário da cidade.
"A avaliação que faço é boa. Tudo correu em paz, tanto na questão do trânsito quanto na de segurança", afirmou Marcos Paes,
presidente da CET-Rio. O prefeito
Cesar Maia ressaltou as diferenças
entre o show dos Stones e o Réveillon para aprovar o show, no qual
a prefeitura investiu US$ 750 mil
(mais de R$ 1,5 milhão). "No Réveillon, as pessoas chegam quase
em cima do evento. No de ontem,
começaram a chegar 24 horas antes. No Réveillon, as pessoas saem
aos poucos. No de ontem, saíram
ao mesmo tempo. Levando isso
em conta, eu diria que foi um
evento perfeito. Recebeu mais de
cinco vezes o público do Woodstock e o dobro do Papa", disse ele.
Em meio ao tumulto, muitas
pessoas tiveram carteiras roubadas e documentos perdidos. Na
cabine da Polícia Militar, ao lado
do Copacabana Palace, estavam
cerca de 200 documentos de identidade, CPF, cartões de crédito
etc. Na manhã de ontem, a 12ª Delegacia Policial, em Copacabana,
ficou lotada. Pessoas procuravam
seus documentos e deram queixas de roubo.
(LUIZ FERNANDO VIANNA, TALITA FIGUEIREDO E MICHELLE
STRZODA)
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