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Passageiros de escunas mal vêem show e reclamam
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A música que encerrou o
show dos Rolling Stones, "(I
Can't Get No) Satisfaction",
representava bem o estado
de espírito dos passageiros
da escuna Mozart, alugada
para assistir ao show de sábado "a 200 m da areia", como prometeram os organizadores da operadora Yatch
Tours. Frustração e decepção foram as palavras mais
usadas por quem veio de
longe e pagou R$ 250 para
assistir "longe da muvuca"
ao mais caro show gratuito.
A Folha acompanhou o passeio a convite da empresa.
Tendo saído pouco antes
das 21h da Marina da Glória,
o grupo só chegou a Copacabana na hora do show, depois de centenas de barcos
cujos donos tiveram a mesma idéia.
O mais próximo que a embarcação chegou da praia foi
cerca de 400 metros. Via-se
apenas o telão principal.
Pouco se ouvia, o som chegava baixo, insuficiente para
empolgar mesmo quem tinha ido lá só para isso.
Insatisfeitos, sete rapazes
de Recife abandonaram o
barco no meio do show.
Com R$ 1.000, convenceram
o dono de uma traineira a levá-los para mais perto do
palco. Não se sabe até onde
chegaram. Não voltaram.
"Estou recolhendo e-mails
para a gente processar a empresa ou pedir o dinheiro de
volta. Vim de Porto Alegre, e
me prometeram o "feijão encantado", distância de 200 m
da areia, visão de 45º, e agora
estamos a 1 km da praia!",
reclamou Tiago Vaz.
O dono da Yatch Tour,
Fred Baugartner, reconheceu que "estava meio complicado" para assistir ao
show. Para ele, os passageiros reclamaram com razão.
"Quando a gente fez a programação saindo às 21h, não
tinha idéia da quantidade de
barcos que haveria lá. Alguns barcos particulares ficaram bem próximos, mas
nós não podíamos nos aproximar por causa da Capitania dos Portos", disse.
O ápice de animação foi a
volta ao cais, com o show já
encerrado, e o telão do saveiro mostrando os Stones cantando "Satisfaction". Um
alemão sem camisa dançava
com uma namorada brasileira. E todo mundo cantava
em coro. Só faltou o show
dos Rolling Stones.
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