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Crítica
Tendler perde-se no labirinto de Glauber
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Glauber Rocha em si era um
labirinto. E o Brasil que nos dá
a ver também é um tanto labiríntico. De maneira que o documentário de Silvio Tendler
"Glauber, o Filme - Labirinto do Brasil" (Canal Brasil,
22h35) não erra pelo nome.
No entanto, estará o filme à
altura do título? Na verdade, a
opção de Tendler é outra: fazer
um documentário didático,
tornar Glauber de certa forma
acessível a um grande público.
É um partido, não necessariamente o melhor, mas também não censurável. As cenas
em que Tendler mais aposta
como atração de seu filme, no
entanto, o são.
Se Glauber filmou o velório
de Di Cavalcanti (fez do velório
um "happening", na verdade),
Tendler filmou o enterro de
Glauber com o respeito ambíguo do voyeur.
O resultado é meio chocho,
meio morno, nem Deus, nem
Diabo, nem labirinto: uma cerimônia oficial, quase acadêmica, feita de gestos previsíveis, e
não o Carnaval que Glauber
merecia.
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