São Paulo, Sábado, 20 de Fevereiro de 1999
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Brasileiros criam pequenos estúdios caseiros

da Reportagem Local

No Brasil, a trilogia de George Lucas também inspirou uma geração de aspirantes a cineastas.
Num estúdio próximo à avenida Paulista, em São Paulo, os desenhistas que formam a Fábrica dos Quadrinhos estão montando um estúdio de animação.
O grupo produziu em 38 dias o clipe de animação do grupo Titãs, "Os Cegos do Castelo", em 97. "Sem computadores o trabalho seria possível, só que muito mais dispendioso e precisaria de uma equipe muito maior", afirma Eduardo Schaal, 28, um dos ilustradores.
Ele, que já chegou a trabalhar em estúdios de animação no Brasil, é também fã de "Guerra nas Estrelas". "Comecei a desenhar porque queria muito ser capaz de criar algo parecido com o que eu via naqueles filmes cheios de naves espaciais, na minha infância", revela.
Agora, o estúdio está produzindo um desenho humorístico intitulado "Canibytes", que mostra histórias curtas de um índio canibal. O personagem foi totalmente desenhado em programas de modelagem em 3D.
O equipamento usado pelo grupo não tem nada de extraordinário. É um Pentium que pode ser comprado em qualquer loja por pouco mais de R$ 2 mil. O mais caro são as placas especiais que geram o sinal para um videocassete profissional. O custo final fica em torno de R$ 6 mil.
Usando soluções ainda mais baratas, o analista de sistemas Bruno Accioly, 27, montou um pequeno estúdio em seu apartamento no Flamengo, no Rio de Janeiro.
Ele é mais um fã da obra de George Lucas. Nas estantes do seu escritório, há uma coleção de fitas de "Guerra nas Estrelas" e uma enciclopédia sobre a trilogia.
Accioly está criando filmes nos quais junta seres humanos com bonecos e cenários modelados em três dimensões. As animações são para um jogo de computador de ficção científica que ele está produzindo, e pretende lançar ainda este ano. O tema é a colonização de um sistema espacial.
Ele grava as imagens numa câmera VHS comum e as digitaliza por meio de uma placa obsoleta, que não vale mais do que R$ 100, instalada em seu computador.
Como o equipamento já era usado para o seu trabalho como analista, o investimento real para tornar-se um criador de filmes ficou abaixo dos R$ 1.200, somando a câmera e a placa.
"Essas tecnologias estão tão integradas no cotidiano que as pessoas perdem a capacidade de se deslumbrar. O que eu faço hoje em casa seria impossível há quatro ou cinco anos", conclui.


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