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TV
Emissora estréia em abril "Senta que Lá Vem Comédia"; episódios, exibidos aos sábados, são gravados em teatros de SP, com platéia
Cultura revive teleteatro em nova roupagem
JANAINA FIDALGO
DA REDAÇÃO
A retomada pela TV Cultura de
programas consagrados nos anos
50, 60 e 70 confirmam a máxima
do "nada se perde, tudo se transforma". Iniciativas recentes da
emissora têm o pé no passado: a
mais nova delas é a filmagem dos
célebres teleteatros.
Produto de vanguarda nos anos
50/60 na Tupi e nos 70 na Cultura,
os teleteatros voltam em abril à
grade da emissora pública paulista, aos sábados, às 22h. Ainda não
há data definida para a estréia.
"Não temos nenhum problema
de voltar com programas antigos
que possam ser colocados no ar
com uma roupagem nova, adaptados para a circunstância atual",
diz o presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça.
O nome deste primeiro projeto
do núcleo de dramaturgia da
emissora, "Senta que Lá Vem Comédia", entrega o gênero dos textos adotados à encenação e dá a
impressão de também ter sido
"reciclado" (quem não se lembra
daquele quadro infantil da rede, o
"Senta que Lá Vem História"?).
"A opção pela comédia é porque ela tem uma linguagem mais
fácil. Na televisão você nunca tem
a mesma concentração que tem
no teatro. Em casa toca o telefone,
o carro passa na rua, o filho chama. A comédia não é um texto
que, se você perder uma palavrinha, perde o que ele quer dizer",
justifica Analy Alvarez, coordenadora do núcleo de dramaturgia.
Entre os textos encenados, comédias de costumes do século 19
("O Primo da Califórnia", de Joaquim Manoel de Macedo) dividem espaço com textos mais contemporâneos ("Um Edifício Chamado 200", de Paulo Pontes).
"São comédias excelentes, relegadas ao segundo plano pela intelectualidade brasileira. Eu quero
resgatá-las", diz Alvarez.
Teatro + televisão
Com valores de produção estimados entre R$ 80 mil e R$ 100
mil por programa, os episódios
são gravados nos teatros Franco
Zampari e Maria Della Costa, em
São Paulo. A intenção da emissora é produzir e finalizar até o fim
de agosto 26 episódios. Não à toa,
o ritmo é acelerado. O elenco de
cada peça tem, em média, três semanas para discutir o texto, acertar o figurino, decorar as falas, ensaiar e se apresentar diante da platéia que acompanha as gravações.
"A gente brinca que é um coito
interrompido. Fica lá com aquele
processo todo, quando vai chegar
ao orgasmo, acabou", brinca o
ator Fabio Azevedo, 26, sobre a
apresentação única.
O público que assiste às encenações é um elemento-chave. Como
em qualquer peça, em especial
nas comédias, é a platéia quem
baliza o tom de cada gesto. "Às vezes a gente ensaia prevendo uma
reação, e acontece outra", conta
Luiz Serra, 67, que pretende aproveitar a preparação de "Toda
Donzela Tem um Pai que É Uma
Fera" e levá-la ao cartaz.
Aliás, a reação da platéia não só
serve de termômetro mas também é incentivada, como comprovou a Folha na última terça na
gravação de "O Primo...".
"Aplaudam e riam bastante!",
recomendava Alvarez após apresentar o elenco. É que as imagens
e sons da platéia são captados e
intercalados às cenas da peça.
No palco
O elenco de "Senta que Lá Vem
Comédia" mescla iniciantes e
grandes diretores e atores de teatro, caso de José Renato Pécora,
que dirige "Um Edifício Chamado 200", e dos atores Francarlos
Reis, Serafim Gonzalez, Luiz Serra
e Paulo Hesse. Caras conhecidas
da TV brasileira de hoje não ficam
de fora. Tuca Andrada é o protagonista de "Um Edifício..."; Bárbara Paz atua em "Toda Donzela..." e Paula Picarelli participará
de "Onde Canta o Sabiá".
"É claro que neste começo eu
preciso de alguns atores conhecidos, até para ganhar credibilidade
do telespectador que está acostumado com essas caras na televisão", admite Alvarez. "A gente
precisa ter muito cuidado quando
fala disso, porque não quero passar a idéia de que estamos chamando atores conhecidos da Globo. Estamos chamando bons atores", reforça.
Embora não seja uma emissora
comercial, a aceitação do público
pesará na decisão de dar continuidade ao projeto. "Se você não tem
retorno de público, não tem parceiro. Sem parceria, a emissora
não vai conseguir fazer tudo o que
quer", diz Alvarez.
Mais que isso, a TV Cultura pretende fazer pesquisa de qualidade
junto ao público para avaliar a necessidade de ajustes no programa.
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