São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chirac elogia Brasil em abertura de Salão

LUIZ ANTONIO RYFF
enviado especial a Paris

Ao som de uma batucada feita por um grupo de brasileiros, o presidente francês, Jacques Chirac, abriu ontem o 18º Salão do Livro de Paris, percorrendo os 35 mil metros2 acompanhado pela primeira-dama brasileira, Ruth Cardoso, e pelos ministros da Cultura dos dois países, Francisco Weffort e Catherine Trautmann.
Esse ano, o evento tem o Brasil como país homenageado. Uma delegação de mais de 40 escritores está em Paris para o salão -entre eles Jorge Amado, Chico Buarque, Paulo Coelho, o senador José Sarney e o ex-ministro da Justiça Saulo Ramos-, que acontece no Palácio de Exposições em Porte de Versailles. Indagado pela Folha, Chirac justificou a presença brasileira dizendo que o país é uma "potência literária".
"Seus autores já são bem conhecidos na França, mas isso vai dar um impulso novo e os franceses poderão conhecer melhor a cultura e a literatura brasileira. É uma grande alegria que o Brasil tenha sido escolhido como país homenageado. Será um grande sucesso", afirmou Chirac, que aproveitou para oferecer a Ruth Cardoso alguns livros para o presidente brasileiro, entre eles uma enciclopédia sobre futebol.
Durante a visita, Chirac recebia livros brasileiros. Ele recebeu a revista "Poesia Sempre", editada pela Biblioteca Nacional, e, do prefeito carioca, Luis Paulo Conde, ganhou o guia turístico do Rio feito pela editora Gallimard.
O economista Celso Furtado (exilado na França após o golpe militar contra o presidente João Goulart) foi brindado com um "meu caro mestre" pelo presidente francês, que, ao se encontrar com Paulo Coelho, revelou admirar muito o trabalho do escritor.
Coelho, que está lançando seu quarto livro na França ("O Monte Cinco"), já vendeu 4,8 milhões de exemplares no país.
Bem-humorado, o presidente francês distribuiu piadas e gracinhas durante o tempo em que ficou no salão (mais de uma hora). Quando se aproximaram do estande da Métailié, Chirac e Ruth Cardoso foram informados pela dona da editora, Anne Marie Métailié, que ela havia publicado "As Idéias em Seus Lugares", de FHC.
Anne Marie procurou uma cópia da obra, mas não achou. Ao se despedir, um assistente do presidente francês desejou boa sorte à editora. Chirac interrompeu brincando: "Ela não precisa, ela tem bons autores".
Embora, oficialmente, as atividades dos escritores brasileiros convidados para participar do evento só comecem hoje, com abertura do salão ao público, ontem eles não tiveram um dia livre. Acordaram cedo para um café da manhã na prefeitura de Paris, oferecido pelo prefeito Jean Tiberi.
A ministra da Cultura da França, Catherine Trautmann, entregou ontem, no Ministério da Cultura, a Ordem das Artes e Letras para 12 personalidades ligadas à literatura brasileira.
O ex-presidente e senador José Sarney, colunista da Folha, foi condecorado com o grau de Comandante das Artes e Letras, assim como a escritora Zélia Gattai. Receberam os títulos de Cavaleiro, pré-requisito para o de Comandante, os escritores Carlos Heitor Cony, do Conselho Editorial da Folha, o deputado federal (PV-RJ) e colunista da Folha, Fernando Gabeira, Antonio Torres, Nélida Piñon e Lygia Fagundes Telles, além de tradutores, livreiros e editores.


Colaborou Cassiano Elek Machado, enviado especial a Paris.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.