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Chirac elogia Brasil
em abertura de Salão
LUIZ ANTONIO RYFF
enviado especial a Paris
Ao som de uma batucada feita
por um grupo de brasileiros, o
presidente francês, Jacques Chirac, abriu ontem o 18º Salão do Livro de Paris, percorrendo os 35
mil metros2 acompanhado pela
primeira-dama brasileira, Ruth
Cardoso, e pelos ministros da Cultura dos dois países, Francisco
Weffort e Catherine Trautmann.
Esse ano, o evento tem o Brasil
como país homenageado. Uma
delegação de mais de 40 escritores
está em Paris para o salão -entre
eles Jorge Amado, Chico Buarque,
Paulo Coelho, o senador José Sarney e o ex-ministro da Justiça Saulo Ramos-, que acontece no Palácio de Exposições em Porte de
Versailles. Indagado pela Folha,
Chirac justificou a presença brasileira dizendo que o país é uma
"potência literária".
"Seus autores já são bem conhecidos na França, mas isso vai dar
um impulso novo e os franceses
poderão conhecer melhor a cultura e a literatura brasileira. É uma
grande alegria que o Brasil tenha
sido escolhido como país homenageado. Será um grande sucesso", afirmou Chirac, que aproveitou para oferecer a Ruth Cardoso
alguns livros para o presidente
brasileiro, entre eles uma enciclopédia sobre futebol.
Durante a visita, Chirac recebia
livros brasileiros. Ele recebeu a revista "Poesia Sempre", editada pela Biblioteca Nacional, e, do prefeito carioca, Luis Paulo Conde,
ganhou o guia turístico do Rio feito pela editora Gallimard.
O economista Celso Furtado
(exilado na França após o golpe
militar contra o presidente João
Goulart) foi brindado com um
"meu caro mestre" pelo presidente francês, que, ao se encontrar
com Paulo Coelho, revelou admirar muito o trabalho do escritor.
Coelho, que está lançando seu
quarto livro na França ("O Monte
Cinco"), já vendeu 4,8 milhões de
exemplares no país.
Bem-humorado, o presidente
francês distribuiu piadas e gracinhas durante o tempo em que ficou no salão (mais de uma hora).
Quando se aproximaram do estande da Métailié, Chirac e Ruth
Cardoso foram informados pela
dona da editora, Anne Marie Métailié, que ela havia publicado "As
Idéias em Seus Lugares", de FHC.
Anne Marie procurou uma cópia
da obra, mas não achou. Ao se
despedir, um assistente do presidente francês desejou boa sorte à
editora. Chirac interrompeu brincando: "Ela não precisa, ela tem
bons autores".
Embora, oficialmente, as atividades dos escritores brasileiros
convidados para participar do
evento só comecem hoje, com
abertura do salão ao público, ontem eles não tiveram um dia livre.
Acordaram cedo para um café da
manhã na prefeitura de Paris, oferecido pelo prefeito Jean Tiberi.
A ministra da Cultura da França,
Catherine Trautmann, entregou
ontem, no Ministério da Cultura,
a Ordem das Artes e Letras para 12
personalidades ligadas à literatura
brasileira.
O ex-presidente e senador José
Sarney, colunista da Folha, foi
condecorado com o grau de Comandante das Artes e Letras, assim como a escritora Zélia Gattai.
Receberam os títulos de Cavaleiro,
pré-requisito para o de Comandante, os escritores Carlos Heitor
Cony, do Conselho Editorial da
Folha, o deputado federal (PV-RJ)
e colunista da Folha, Fernando
Gabeira, Antonio Torres, Nélida
Piñon e Lygia Fagundes Telles,
além de tradutores, livreiros e editores.
Colaborou
Cassiano Elek Machado, enviado
especial a Paris.
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