São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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Matheus une Vargas, Brecht e Rubem Fonseca em "Orgulho"

Cleo Velleda/Folha Imagem
Rodrigo Matheus (de camisa escura, pendurado na corda) e Thibault Delor durante ensaio da peça "Orgulho"


da enviada especial

Em 96, em Curitiba, ele foi Prometeu voador, suspenso no ar. No ano passado, declarou seu amor nas alturas, em "Deadly". Agora, no festival de 98, o ator Rodrigo Matheus se pendura em cordas por causa do narcisismo.
Mais novo espetáculo da Cia. Circo Mínimo, "Orgulho", que tem exibições hoje e amanhã no Paiol, se divide em quatro partes, todas sobre o tema que dá nome à peça.
"Hoje, o único dos sete pecados capitais considerado positivo é o orgulho. Ser egocêntrico e individualista atualmente é ótimo. Minha montagem fala sobre isso", explica Matheus.
Dirigido por Carla Candiotto, o ator une no palco criações próprias a um conto de Rubem Fonseca (intitulado "Orgulho"), a um trecho de "Vida de Galileu", de Bertolt Brecht, e à carta-testamento de Getúlio Vargas.
No primeiro quadro da peça, Matheus é um herói envelhecido, que conta sua história num andaime instalado no teto do teatro.
Na segunda parte, é a vez da obra de Fonseca, que aborda o caso de um moribundo que se recusa a sucumbir por causa de um furo na meia -toda a trama se passa com o ator pendurado numa corda.
Depois, Matheus interpreta, com números de trapézio, um "gostosão" que chega a beijar seus próprios músculos de tanta vaidade.
E, por fim, ele funde Brecht e Getúlio: "Aqui, trato do orgulho tanto na ciência como na política". Em ambos os quadros, prevalecem trapézio e corda.
Como numa espécie de alter ego, "Orgulho" traz ainda, ao vivo, o contrabaixo acústico do francês Thibault Delor. A coreografia é de Sandro Borelli, diretor de "Deadly".
Após Curitiba, a peça entra em cartaz em São Paulo, no dia 16 de abril, no teatro João Caetano. (ES)



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