São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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Commedia dell'arte inspira "Arlecchino"

ERIKA SALLUM
enviada especial a Curitiba

O diretor, ator e cenógrafo Gianni Ratto certa vez descreveu, nesta mesma Folha, a commedia dell'arte como uma das mais importantes faces da cultura italiana, "violentamente antiacadêmica, generosamente contestatória".
O gênero, popular e improvisado, que nasceu na Itália no século 17, chega a Curitiba pelas mãos da gaúcha Cia. Teatro Di Stravaganza, que apresenta hoje, às 20h, na Ópera de Arame, "Arlecchino Servidor de Dois Patrões".
A peça é de autoria do dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793), que a reescreveu em 1745 com base em um antigo roteiro já existente, a pedido do então famoso ator Antonio Sacco.
"O texto do Goldoni segue esse gênero, com a típica situação dos enamorados que são atrapalhados pelos empregados etc.", conta o diretor, Luiz Henrique Palese, 39.
Esse mesmo texto teve montagem apresentada mais de 2.000 vezes no Piccolo Teatro de Milão, de Giorgio Strehler (1921-1997).
Repleta de tramas paralelas, a peça começa em Veneza, no casamento entre Silvio, filho do Dottore (doutor, tipo constante da commedia dell'arte), e Clarice, filha de Pantalone (pantalão).
O casamento só é possível porque morreu Frederico, prometido de Clarice. Em busca do dinheiro de Pantalone, a irmã do falecido noivo resolve se passar por ele e arma toda a confusão.
O cenários e figurinos remetem aos usados no século 17, influenciados em grande parte por um curso de máscaras (usadas pelos atores durante toda a encenação) que Palese acompanhou na Itália.
"Antes mesmo da viagem, eu me interessava pelo texto, que é o mais próximo relato do que teria sido a commedia dell'arte, já que ela não foi registrada no papel", disse o diretor, que interpreta o personagem que dá nome à peça.
Segundo ele, a vontade de montar um grande espetáculo -o que sua companhia não fazia desde "Decameron", de 93- foi outro motivo para fazer "Arlecchino". Artista plástico de formação, Palese formou a Cia. Teatro Di Stravaganza em 1988, juntamente com Adriana Mottola. Até hoje, o grupo realizou 13 montagens.
A peça estreou em agosto de 97 em Porto Alegre e passou por São Paulo na 1ª Mostra Brasileira de Teatro de Grupo, em fevereiro.
Palese afirma que a montagem deve vir à cidade, mas ainda não há local ou data definidos.



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