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Commedia dell'arte inspira "Arlecchino"
ERIKA SALLUM
enviada especial a Curitiba
O diretor, ator e cenógrafo Gianni Ratto certa vez descreveu, nesta
mesma Folha, a commedia
dell'arte como uma das mais importantes faces da cultura italiana,
"violentamente antiacadêmica,
generosamente contestatória".
O gênero, popular e improvisado, que nasceu na Itália no século
17, chega a Curitiba pelas mãos da
gaúcha Cia. Teatro Di Stravaganza, que apresenta hoje, às 20h, na
Ópera de Arame, "Arlecchino Servidor de Dois Patrões".
A peça é de autoria do dramaturgo italiano Carlo Goldoni
(1707-1793), que a reescreveu em
1745 com base em um antigo roteiro já existente, a pedido do então
famoso ator Antonio Sacco.
"O texto do Goldoni segue esse
gênero, com a típica situação dos
enamorados que são atrapalhados
pelos empregados etc.", conta o
diretor, Luiz Henrique Palese, 39.
Esse mesmo texto teve montagem apresentada mais de 2.000 vezes no Piccolo Teatro de Milão, de
Giorgio Strehler (1921-1997).
Repleta de tramas paralelas, a
peça começa em Veneza, no casamento entre Silvio, filho do Dottore (doutor, tipo constante da commedia dell'arte), e Clarice, filha de
Pantalone (pantalão).
O casamento só é possível porque morreu Frederico, prometido
de Clarice. Em busca do dinheiro
de Pantalone, a irmã do falecido
noivo resolve se passar por ele e
arma toda a confusão.
O cenários e figurinos remetem
aos usados no século 17, influenciados em grande parte por um
curso de máscaras (usadas pelos
atores durante toda a encenação)
que Palese acompanhou na Itália.
"Antes mesmo da viagem, eu me
interessava pelo texto, que é o
mais próximo relato do que teria
sido a commedia dell'arte, já que
ela não foi registrada no papel",
disse o diretor, que interpreta o
personagem que dá nome à peça.
Segundo ele, a vontade de montar um grande espetáculo -o que
sua companhia não fazia desde
"Decameron", de 93- foi outro
motivo para fazer "Arlecchino".
Artista plástico de formação, Palese formou a Cia. Teatro Di Stravaganza em 1988, juntamente com
Adriana Mottola. Até hoje, o grupo realizou 13 montagens.
A peça estreou em agosto de 97
em Porto Alegre e passou por São
Paulo na 1ª Mostra Brasileira de
Teatro de Grupo, em fevereiro.
Palese afirma que a montagem
deve vir à cidade, mas ainda não
há local ou data definidos.
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