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CRISE
Mudanças na emissora incluem cortes em orçamentos de novelas e seriados e na cobertura de eventos, como a F-1
Rede Globo reduz custos de produções
da Sucursal do Rio
A TV Globo está passando por
contenção de despesas, por meio
do qual pretende, segundo a direção da emissora, "reduzir os custos
das produções, sem contudo alterar a qualidade do produto final".
Esse processo, na prática, significou a demissão de 480 funcionários, 20% do quadro de executivos
e 5% das equipes de produção, em
novembro do ano passado. No jornalismo não foram feitos cortes. A
Folha apurou que o departamento
foi considerado enxuto e rentável
pela diretora-geral da Globo, Marluce Dias da Silva. Na época das
demissões foi feito um pedido a todos os setores da emissora para
que reduzissem os custos operacionais e administrativos.
O diretor de núcleo Dênis Carvalho disse que precisou fazer pequenos cortes, como a redução do número de carros disponíveis (de
cinco para três) para a produção
da nova novela "Andando nas Nuvens", mas "nada que afete a qualidade do programa". Segundo o
autor Gilberto Braga, foi pedido a
ele que reescrevesse a minissérie
"Labirinto", para reduzir as cenas
de ação, cuja produção é cara.
O seriado "Mulher", produzido
em 1998 em película, este ano está
sendo realizado em vídeo digital.
A transmissão do GP de Fórmula 1
da Austrália foi feita pelo locutor
Galvão Bueno do Rio e não do local da corrida, como é de praxe
nesse tipo de evento.
A TV Globo afirmou, em fax enviado à Folha, que o custo médio
de cada capítulo de novela permanece "o mesmo: R$ 90 mil, sem distinção de horário". O que não significaria não estar "em busca de
melhores formas de apurar os custos e de ganhos de produtividade,
mas sem afetar (...) a qualidade final do produto".
As medidas de contenção de despesas foram determinadas por
Marluce. Desde quando entrou na
emissora, em meados de 91, e mais
ainda a partir de 97, quando assumiu a responsabilidade pela área
de criação, uma das principais
funções de Marluce tem sido tornar mais rentável uma empresa
que se acostumou a ganhar e a
gastar muito dinheiro.
Embora a empresa venha sofrendo efeitos da retração do
mercado publicitário no Brasil e
aumento de custos operacionais e
administrativos, a direção da TV
Globo informa que a emissora
atualmente não tem dívidas. Em
relatório enviado a investidores estrangeiros com dados de seu balanço anual, trazendo números de
dezembro de 98, as Organizações
Globo disseram que a dívida da TV
Globo era de US$ 10,3 milhões.
O mesmo relatório avalia que o
mercado publicitário de TV no
Brasil teve uma retração em 98 de
5,4%, caindo de US$ 4 bilhões em
97 para US$ 3,8 bilhões, em valores
de 31 de dezembro do ano passado.
Desse total, as Organizações Globo
afirmam que a TV Globo e suas afiliadas detêm 74% do mercado.
O relatório ainda informa que os
custos administrativos e operacionais da TV Globo tiveram aumentos, respectivamente, de 5,7% e
11,9% no ano passado em relação a
97. Pelo relatório, os custos administrativos eram de US$ 192,2 milhões em 97 e aumentaram para
US$ 203,2 milhões. Os operacionais cresceram de US$ 681,4 milhões para US$ 762,8 milhões.
No fax enviado à Folha, a TV
Globo disse também que "as gestões e as operações fiscais da emissora e as demais empresas das Organizações Globo são (...) independentes e desvinculadas". Isso
referindo-se à reportagem publicada na Folha, em 7 de março, na
qual a Globo Participações Ltda.,
a Globopar, aparece em quarto
lugar entre as 50 grandes empresas brasileiras que mais têm dívidas em dólar, com um montante
de US$ 3,348 bilhões.
A Globopar é a holding em torno da qual se reúnem os empreendimentos do grupo Globo,
excetuando a TV e as outras empresas ligadas diretamente à comunicação de massa e à produção
cultural.
De acordo com a legislação brasileira, empresas de comunicação
têm de pertencer a uma pessoa física. Por isso a TV Globo não está
entre as empresas do grupo Globo
que compõem a Globopar.
Como prova de que "não tem
dívidas nem está vivendo qualquer crise", a TV Globo cita seus
últimos investimentos, como a
construção de sua nova sede em
São Paulo e a construção de um
teatro no Projac no Rio.
Colaborou
Cristina Grillo, da Sucursal do Rio
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