|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A MÚSICA
Trilha costura obra
EDUARDO GUDIN
especial para a Folha
Escrever apenas sobre a parte
musical de um filme dedicado à
vida de Villa-Lobos pareceu-me
tarefa simples e objetiva.
Bastaria ficar atento a detalhes
técnicos na execução de suas
obras, pois a paixão pela música
do Villa é uma das minhas referências de vida.
A não ser por algum desastre do
mau gosto, essa trilha estaria por
si só garantida. Mas a música desse filme de Zelito Viana é muito
mais que isso.
Tudo (roteiro, fotografia, atuações etc), mais a música, formam
uma estrutura só, homogênea e
inquebrantável.
Sem a música, as cenas não fazem sentido. A música "costura
sempre".
Às vezes ela é trilha, em outras é
ator principal. E esse alucinante
revezamento emociona. Simplesmente emociona. Inclusive músicos e maestros, o que normalmente não acontece quando se
trata de filmes biográficos sobre
compositores consagrados pelo
tempo.
E tudo num clima de descontração e bom humor, o que contrasta
saudavelmente com a densidade e
às vezes profunda e mágica melancolia da obra de Villa-Lobos.
Mesmo as regências, que talvez
pudessem ser mais verossímeis
(falo aqui como músico chato), ficam corretas devido a essa descontração.
O som é de muito boa qualidade
e não poderia ser de outra forma.
O excelente maestro Sílvio Barbato é responsável pela gravação e
regência das 107 entradas musicais e também autor da trilha incidental executadas pela Orquestra
Sinfônica Brasileira e Coro do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Podemos pensar que estamos
diante de um filme com sua ótima
e emocionante trilha ou de um
grande musical com os mesmos
adjetivos.
Eduardo Gudin é compositor, violonista e arranjador
Avaliação:
Texto Anterior: Filme carece de ritmo Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|