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TEATRO
Escritor fez roteiro do musical "Brasil! Outros 500", que estréia hoje em SP e reúne 130 pessoas no palco
Millôr lança "poop ópera" à brasileira
da Redação
Depois da "sambópera" de Augusto Boal, com "Carmem" de Bizet, é a
vez do escritor Millôr Fernandes lançar mais um "gênero" no varejo
do entretenimento tupiniquim: a
"poop ópera". É assim que ele
classifica "Brasil! Outros 500", espetáculo que estréia hoje no Teatro Municipal de São Paulo.
Além do trocadilho entre os termos pop (popular) e "poop" (caca, em inglês), Millôr imprime
outro significado ao seu "poop",
siglas para palavra, olhar, ouvido
e popular -quarteto-chave para
o musical.
O roteiro da comédia do escritor destila, em linguagem direta
(leia trecho ao lado), a trajetória
do país sob o prisma do humor
que lhe é peculiar. Relata episódios pitorescos da relação Brasil-Portugal, relevando sobretudo o
tom tragicômico. No palco, estão
cerca de 130 artistas, entre atores,
cantores, instrumentistas e coristas.
São nove cenas que envolvem
solistas, coros, monólogos e diálogos. O programa começa com o
Sonhador (José Rubens Chachá)
refletindo sobre o mar e o horizonte, típica situação que só poderia ser vivida por um sonhador
pré-navegante.
Enquanto isso, em Lisboa, desenvolve-se o primeiro processo
humano de demissões voluntárias. E a aventura milloriana segue
com situações trágico-poéticas,
que passam pelas primeiras ocupações e a colonização gananciosa. O final acena com uma esperança e uma dúvida: o que se fará
ao longo dos próximos 500 anos?
"Apesar de o espetáculo ser patrocinado até por empresas estatais, como a TV Cultura, houve
uma ampla liberdade para o Millôr girar a metralhadora dele para todo lado, pegando desde os
militares até o FHC", observa o
ator José Rubens Chachá, 45.
Segundo ele, o espírito do espetáculo se aproxima, de alguma
forma, do teatro de revista. Chachá é um dos protagonistas, o Sonhador, que contracena boa parte
de "Brasil! Outros 500" com Sérgio Rufino, no papel de Tomé,
aquele que precisa ver para crer.
O embate entre os dois, que
pontua todo o musical, resume o
humor paradoxal que Millôr imprime em sua história. Roberto
Lage assina a direção de cena.
A música foi criada por Toquinho e Paulo César Pinheiro. São
nove canções adaptadas ao enredo de Millôr. Os arranjos e a trilha
incidental são de Wagner Tiso. A
direção musical é do maestro
Abel Rocha, que começou a realizar audições para o projeto em fevereiro.
"O espetáculo não é ópera, não
é teatro musical, nem teatro de revista, é uma forma híbrida disso
tudo", explica Rocha, 38.
Os solistas Eduardo Torres, Rubi e Sílvia Tessuto dominam a cena pela menos duas vezes. Boa
parte de "Brasil! Outros 500" é
marcada pelas interpretação corais. O Coral Paulistano, regido
pelo maestro Samuel Kerr, por
exemplo, marca presença em vários quadros.
Há também uma cena dedicada
à dança, com coreografia da
Companhia Ritmos, assinada por
Cláudia de Souza.
A Sinfonia Cultura, da Rádio e
TV Cultura, comandada pelo
maestro Lutero Rodrigues, executa o programa, que evoca, em alguns momentos, a sonoridade
inerente dos índios e dos negros
na formação da identidade nacional. O trio Miguel Briamonte (piano), Zeli (baixo) e Sérgio Gomes
(bateria) completa o time.
(VALMIR SANTOS)
Peça: Brasil! Outros 500 - Um PoopÓpera
Autor: Millôr Fernandes
Direção de cena: Roberto Lage
Direção musical: Abel Rocha
Quando: estréia hoje, às 21h; e de 25 a 30/4, às 21h (ter. a sáb.) e 19h (dom.)
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/n, região central, tel. 0/xx/11/222-8698)
Quanto: R$ 20 a R$ 100
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