São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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TEATRO
Escritor fez roteiro do musical "Brasil! Outros 500", que estréia hoje em SP e reúne 130 pessoas no palco
Millôr lança "poop ópera" à brasileira

da Redação

Depois da "sambópera" de Augusto Boal, com "Carmem" de Bizet, é a vez do escritor Millôr Fernandes lançar mais um "gênero" no varejo do entretenimento tupiniquim: a "poop ópera". É assim que ele classifica "Brasil! Outros 500", espetáculo que estréia hoje no Teatro Municipal de São Paulo.
Além do trocadilho entre os termos pop (popular) e "poop" (caca, em inglês), Millôr imprime outro significado ao seu "poop", siglas para palavra, olhar, ouvido e popular -quarteto-chave para o musical.
O roteiro da comédia do escritor destila, em linguagem direta (leia trecho ao lado), a trajetória do país sob o prisma do humor que lhe é peculiar. Relata episódios pitorescos da relação Brasil-Portugal, relevando sobretudo o tom tragicômico. No palco, estão cerca de 130 artistas, entre atores, cantores, instrumentistas e coristas.
São nove cenas que envolvem solistas, coros, monólogos e diálogos. O programa começa com o Sonhador (José Rubens Chachá) refletindo sobre o mar e o horizonte, típica situação que só poderia ser vivida por um sonhador pré-navegante.
Enquanto isso, em Lisboa, desenvolve-se o primeiro processo humano de demissões voluntárias. E a aventura milloriana segue com situações trágico-poéticas, que passam pelas primeiras ocupações e a colonização gananciosa. O final acena com uma esperança e uma dúvida: o que se fará ao longo dos próximos 500 anos?
"Apesar de o espetáculo ser patrocinado até por empresas estatais, como a TV Cultura, houve uma ampla liberdade para o Millôr girar a metralhadora dele para todo lado, pegando desde os militares até o FHC", observa o ator José Rubens Chachá, 45.
Segundo ele, o espírito do espetáculo se aproxima, de alguma forma, do teatro de revista. Chachá é um dos protagonistas, o Sonhador, que contracena boa parte de "Brasil! Outros 500" com Sérgio Rufino, no papel de Tomé, aquele que precisa ver para crer.
O embate entre os dois, que pontua todo o musical, resume o humor paradoxal que Millôr imprime em sua história. Roberto Lage assina a direção de cena.
A música foi criada por Toquinho e Paulo César Pinheiro. São nove canções adaptadas ao enredo de Millôr. Os arranjos e a trilha incidental são de Wagner Tiso. A direção musical é do maestro Abel Rocha, que começou a realizar audições para o projeto em fevereiro.
"O espetáculo não é ópera, não é teatro musical, nem teatro de revista, é uma forma híbrida disso tudo", explica Rocha, 38.
Os solistas Eduardo Torres, Rubi e Sílvia Tessuto dominam a cena pela menos duas vezes. Boa parte de "Brasil! Outros 500" é marcada pelas interpretação corais. O Coral Paulistano, regido pelo maestro Samuel Kerr, por exemplo, marca presença em vários quadros.
Há também uma cena dedicada à dança, com coreografia da Companhia Ritmos, assinada por Cláudia de Souza.
A Sinfonia Cultura, da Rádio e TV Cultura, comandada pelo maestro Lutero Rodrigues, executa o programa, que evoca, em alguns momentos, a sonoridade inerente dos índios e dos negros na formação da identidade nacional. O trio Miguel Briamonte (piano), Zeli (baixo) e Sérgio Gomes (bateria) completa o time.
(VALMIR SANTOS)


Peça: Brasil! Outros 500 - Um PoopÓpera
Autor: Millôr Fernandes
Direção de cena: Roberto Lage
Direção musical: Abel Rocha
Quando: estréia hoje, às 21h; e de 25 a 30/4, às 21h (ter. a sáb.) e 19h (dom.)
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/n, região central, tel. 0/xx/11/222-8698) Quanto: R$ 20 a R$ 100


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