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DOCUMENTÁRIO
Leone revê a América com olhos homéricos
DA REDAÇÃO
Que todo artista -sobretudo
os grandes- tem segredos todo
mundo sabe. Alguns desses mistérios são guardados sob sete chaves por que deles depende a beleza de certas obras. Outros, porém,
quando trazidos à luz, ajudam a
ver o complexo onde aparentemente reina o simples.
Este princípio justifica o interesse do perfil do diretor italiano Sergio Leone (1929-1989) que o Eurochannel apresenta amanhã. De
sua biografia, que o documentário trata com intimidade, emerge
uma dedicação ao cinema como
se fosse uma predestinação.
Filho de Vincenzo Leone, um
dos pioneiros do cinema italiano,
Sergio freqüentava estúdios desde
garoto e participava tanto com
aparições na tela quanto atuando
como assistente. Ainda muito jovem, ele inclui em seu currículo o
fundador "Ladrões de Bicicleta",
de Vittorio De Sica.
Na Cinecittá dos anos 50, Leone
amplia seu repertório de cinema
hollywoodiano dirigindo segundas unidades de grandes produções filmadas nos estúdios romanos. Entre elas, a histórica corrida
de bigas de "Ben Hur".
O Leone que se lança à direção
no "peplum" "O Colosso de Rodes" (1961) não se perde em inexperiências, ao contrário. Ali ele já
testa sua habilidade de reinterpretar gêneros supercodificados, como, neste caso, o filme mitológico
de ação. Depois, com os western-spaghetti, Leone conduzirá essa
subversão ao paroxismo no faroeste-ópera (e obra-prima) "Era
uma Vez no Oeste".
Com uma fórmula aparentemente simples, Leone desvenda a
matriz dessa reinvenção. Ele confessa ter partido da idéia de que o
western é um espaço do mito. Será, portanto, com a retomada de
mitos em sua forma clássica -diretamente em Homero, onde o
par civilização e conflito começa a
andar de mãos dadas- que seus
sonhos ganham a força para ultrapassar o "sonho americano".
Movidos por essas forças, não é
à toa que os filmes de Leone alcançaram o status de míticos.
SERGIO LEONE - Quando: amanhã, às
21h, no Eurochannel.
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