DO ENVIADO A RECIFE

"Esse pessoal é profissional pra c..." Ainda na freqüência Europa, quem crava é o empresário da banda belga Vive la Fête, uma das duas atrações internacionais do Abril pro Rock. Segundo eles, que vieram a Recife para tocar só na sexta, acabaram sendo incluídos também no domingo.
Em três dias, 23 bandas e dois palcos, cerca de 18.500 pessoas passaram por esta 12ª edição do festival, segundo a organização. O maior número de pessoas foi no domingo -8.000-, dia em que tocaram a baiana Pitty e os cariocas do Rappa. Com shows tecnicamente impecáveis, acabaram também ajudando a trazer um público talvez inimaginável para os shows de bandas novatas, como as locais Mula Manca, A Roda e Suvaca di Prata.
Formadas na escola de Tom Zé, Chico Science e Eddie, em maior ou menor grau, poderiam talvez ser lembradas como o animado e verborrágico "progressivo do agreste", do qual sem sombra de dúvidas o Cabruêra deu a melhor mostra da noite, com seu forró esferográfico -literalmente, um baião tocado na caneta esferográfica. Outro dia de bons momentos foi a sexta-feira, que teve, além do Vive la Fête, grupo de electro/rock formado por remanescentes da banda belga dEUS, a estréia de Cynthia Zamorano em palcos brasileiros e a performance cheia de atitude de Karine Alexandrino. Marcelo D2 fechou a noite.
Sábado também teve seu público fiel (7.000 pessoas): os punks e metaleiros, para os quais o Abril pro Rock há muito é garantia de catarse coletiva. Apesar da boa recepção para o thrash metal dos alemães do Destruction, quem levou a noite mesmo foi o Ratos de Porão. "Soube que aqui em Recife tem a roda mais legal desse país", atiçava o vocalista João Gordo, enquanto, lá do alto, o que se via era um turbilhão de gente se empurrando e formando uma roda de centenas de pessoas. Ciranda e rock, talvez seja essa a essência do festival. (DA)