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ABRIL PRO ROCK
Pernambucana lança seu segundo disco
Cantora mostra sua "música nômade"
DIEGO ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
Ela é brasileira, 29 anos, nascida
em Olinda, dois discos lançados,
agenda lotada na Europa e, porém, você provavelmente nunca
ouviu falar de Cynthia Zamorano.
Nem os pernambucanos. Vivendo entre Londres, Madri e Espanha desde 1996, a cantora trouxe
pela primeira vez ao país o projeto
de "música nômade" CYZ, para
uma apresentação no festival
Abril pro Rock, na última sexta.
"Compus e gravei umas fitas demos na Europa e trouxe para o
Rio de Janeiro. Toquei com uma
galera e aí fui a São Paulo, gravei
com o pessoal do Mestre Ambrósio e vim pra Recife de mochila
nas costas para terminar tudo",
lembra ela, que autoproduziu "littlefishdublongwatersamba", seu
segundo CD pelo selo indie português Nylon, em "ao todo, uns três
meses". Entre a "galera" que contribuiu para o disco, que como o
próprio nome sugere é uma mistura de dub e música eletrônica
com samba e MPB, estão Zeca Baleiro, Arthur Maia, Fred Zero
Quatro, DJ Dolores e até o ministro da Cultura, Gilberto Gil.
"Não queria que meu disco saísse com a cara de lá. Queria a cara
daqui, do povo, da minha família,
dos músicos que conheço", defende, grifando também que Gil é
fã antigo do trabalho dela, desde o
disco "Precyz", de 2001, e da coletânea "Caipiríssima", lançada pelo selo de Iara Lee em Nova York.
"Gil me deu uns conselhos muito bons para esse segundo disco.
Ele é muito bom: gosta de gostar
de tudo. Acho que todo mundo
deveria ser mais assim, gostar de
gostar das coisas."
Com a atual onda de boa vontade dos gringos diante de artistas
nacionais -outras atrações do
Abril pro Rock, como os paraibanos do Cabruêra, além do próprio
DJ Dolores, acabaram de voltar de
turnês pela Europa-, seria o
CYZ só mais um caso de "música
brasileira para inglês ver"?
"Rapaz, não é música para gringo ver, é para qualquer um. Música é universal. Eu sou daqui [de
Olinda], carrego esse carimbo
muito forte nas minhas músicas.
E essa roupagem eletrônica é contemporânea. Hoje tem mil métodos de fazer as coisas. Poderia inventar de tocar, sei lá, marimbas."
A chave da nova (world) música
nordestina, resume ela, estaria, no
entanto, em ser um bocado "tinhosa". "São aquelas pessoas curiosas, que vão mesmo atrás das
coisas, só que de sua própria terra.
O Recife é meio assim. A gente é
tinhoso para caramba."
Tinhosos terão de ser também
os brasileiros que quiserem conhecer CYZ. Como a distribuição
nacional do CD não está fechada,
o jeito é importar de Portugal. Ou
mandar buscar lá no Japão...
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