São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

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Última Moda

Alcino Leite Neto - ultima.moda@folha.com.br

A estilista que veio do Sul

A catarinense Lila Colzani, que fundou a Colcci, abre nova grife em São Paulo

Criadora da Colcci, uma das grifes de moda jovem de maior sucesso comercial no Brasil, a estilista Lila Colzani briga agora por um espaço no restrito clubinho fashion brasileiro. Em junho, ela lançará a Stereo, sua nova marca, também dedicada ao público jovem.
Na nova fase, a designer vai bater de frente com o seu passado. "Agora, eu e a Colcci seremos concorrentes, mas com estilos diferentes", afirma.
Lila criou a Colcci quando tinha 21 anos, em 1986. Sob os cuidados da estilista, a grife foi um sucesso instantâneo e chegou a ter 200 franqueados no país, no final dos anos 90.
Em 2000, ela vendeu a marca para o poderoso grupo catarinense AMC Têxtil, também dono da Sommer. A AMC Têxtil transformou a Colcci num colosso, com faturamento anual de cerca de R$ 300 milhões.
Lila continuou como diretora de estilo da marca até outubro do ano passado, quando pediu demissão e começou a arquitetar outros projetos. Ela passou a ser, também, consultora de estilo da Hering, onde remodelou as clássicas camisetas lisas da empresa e está ajudando a criar novas linhas de roupas.
A estilista, que vivia em Brusque (SC), mudou-se para São Paulo no início do ano, instalou-se nos Jardins e está refazendo toda a sua vida. "Sei que não sou tão conhecida aqui como no Sul. Estou começando do zero novamente", ela diz. "Agora tudo é novo para mim: a cidade, o marido e até o cachorro." O novo marido é o modelo Thiago Volpato, de quem ela está grávida. O primeiro filho do casal, Pedro, chega em julho.
Com 1,81 m de altura, 60 kg, 40 anos, loira, jovial e charmosa, Lila faz bonito até mesmo ao lado de Gisele Bündchen, com quem costumava entrar na passarela, ao final dos desfiles da Colcci -grife para a qual a top desfila com exclusividade no Brasil. Fashionistas já chegaram a dizer, com certa razão, que elas poderiam ser irmãs.
Com a Stereo, Lila diz que pretende retomar idéias que não teve tempo nem oportunidade de implementar nos seus últimos anos na Colcci. "Quero fazer uma roupa para jovens com informação de moda."
Segundo ela, desacordos com a AMC Têxtil a impediram de dar à Colcci o salto de sofisticação que ela gostaria. "A Stereo seguirá o rumo que a Colcci poderia ter tomado se eu tivesse tido mais liberdade criativa. A Colcci acabou ficando apelativa e repetitiva. Tive que refazer um mesmo vestidinho de malha com aplicações de paetês várias vezes", conta.
Por enquanto, a Stereo não terá uma loja. Na próxima semana, a estilista define o lugar nos Jardins que vai abrigar o showroom da grife. "A loja virá mais tarde. Quero começar com o pé bem no chão", diz ela.

Hering faz revolução sutil em seu clássico

A camiseta Hering acaba de passar por uma das principais modificações de sua história. Aos olhos comuns, o novo modelo parece igual ao antigo. Mas não é. O comprimento foi reduzido, bem como as mangas, os ombros e a gola. São mudanças sutis. A gola, por exemplo, foi diminuída em 0,5 cm. O comprimento ficou aproximadamente 1,5 cm menor.
Parece pouco, mas é o suficiente quando se trata deste clássico do vestuário brasileiro. "Sempre atualizamos as peças, mas desta vez foi uma mudança maior, mesmo que pareça pequena. Adequamos as peças ao estilo da época sem desagradar o nosso consumidor, que é muito fiel à camiseta", diz Karin Hering, gerente de marketing da marca.
As mudanças estão sendo coordenadas desde dezembro do ano passado pela estilista Lila Colzani, ex-Colcci. Elas não atingem apenas as camisetas, mas vários produtos da empresa, que está transformando sua estratégia de negócios: pretende abrir mais lojas e criar mais rotatividade nas coleções.
Lila acompanha ainda a criação da New Basics, a nova linha de básicos femininos e masculinos, em que as camisetas surgem com modelagem mais justas e terão um maior número de cores, inclusive cinza, um hype da temporada. "É uma linha diferenciada, com malhas melhores e acabamentos mais sofisticados, para atingir um público mais sensível à moda", afirma Karin.
A New Basic já está nas lojas, mas a camiseta clássica remodelada chega no final do mês. Na verdade, não existe apenas uma camiseta clássica, mas duas: a Original e a World T-Shirt. Mais conhecida, a segunda é também a mais vendida por essa empresa de 126 anos e cujo primeiro produto foi justamente um tipo de camiseta.
Os irmãos Herman e Bruno Hering, imigrantes vindos da Alemanha, começaram seu negócio em 1880, em Blumenau, produzindo camisetas para trabalhadores. "Eram como uma espécie de uniforme. A camiseta é o carro-chefe dos negócios, mas também um símbolo de nossa história", diz Karin.

Fast-fashion

GIL & CIA
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi um dos convidados do seminário Fashion Marketing, promovido nesta semana pela consultora de moda Glória Kalil. Num debate com o diretor da SPFW, Paulo Borges, e o compositor José Miguel Wisnik sobre identidade brasileira, Gil fez um pedido de desculpas e disse que o governo finalmente reconheceu a importância da moda na cultural brasileira. Será?

GIL & CIA2
Mas quem roubou a cena foi Wisnik, com sua teoria de que o mercado fashion deveria abandonar as fórmulas estrangeiras e se concentrar numa "tecnologia de ponta do ócio". Ou seja, procurar imprimir nas roupas um certo comportamento relax e poético, que, segundo ele, é peça -chave do fascínio que o Brasil exerce sobre o mundo em diversas áreas.

MUSA
Ser dirigida por Pedro Almodóvar é um dos sonhos de Margherita Missoni, 24, a herdeira da famosa grife italiana que esteve no Brasil nesta semana, junto com seu tio, Vittorio Missoni (foto), para participar do seminário Fashion Marketing. "Gosto do estilo de Almodóvar, dos papéis femininos que ele cria e do modo como dirige os atores", disse à Folha.
Garota-propaganda do perfume da Missoni e nova musa da moda italiana, Margherita também estuda interpretação. "Mais que o cinema, amo o teatro. É nele que quero me encontrar em dez anos", afirmou. (Camila Yahn)

SAPATOS
A Sho&Purs, no Shopping Iguatemi, passa a vender os sapatos de Gianvito Rossi, filho do celebrado designer de calçados Sergio Rossi.

MOCHILAS
A JanSport, uma das marcas de mochilas mais vendidas nos EUA, também chega ao Brasil. Terá pontos de vendas em multimarcas e lojas de outras grifes, entre elas, a Zil, em SP.


com VIVIAN WHITEMAN

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