|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Na TV, Zé do Caixão busca o "oculto"
Encarnando seu personagem, José Mojica Marins estréia talk-show arrancando relatos de experiências sobrenaturais
Com entrevistados como Angeli, Lobão e Pitty, "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" será exibido no Canal Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Há vários talk-shows na TV,
mas nem todos têm como prioridade dar espaço para Lobão
comentar experiências com
pomba-gira ou Bruna Lombardi contar que já viu disco voador. É mais ou menos esse o
tom de "O Estranho Mundo de
Zé do Caixão", programa de entrevistas e variedades pilotado
pelo personagem criado pelo
cineasta José Mojica Marins.
Mojica é um novo David Letterman? Não, porque Mojica
não está nem aí para David Letterman -ele nem sabe quem é
David Letterman. Mojica não
costuma assistir a talk-shows
na TV -"Só o do Jô, quando
não está passando nenhum
bom filme de terror no horário". "Gosto mesmo é dos telejornais, vejo todos."
"O Estranho Mundo de Zé do
Caixão" estréia na próxima sexta-feira, apropriadamente à
meia-noite, no Canal Brasil.
A primeira temporada, com
26 programas, já foi em grande
parte gravada. Pelo cenário estilizado (com duas portentosas
poltronas de veludo vermelho,
um caixão em pé e caveiras na
mesa) passaram, além de Lobão e Bruna Lombardi, o cartunista Angeli, os músicos João
Gordo, Supla, Pitty e NXZero, a
neo-escritora Bruna Surfistinha e os estilistas Ronaldo Esper e Alexandre Herchcovitch,
entre outros.
"Adorei fazer. Só teve fera.
Eles se sentiram bem, porque é
um programa de entrevistas diferenciado. Eu mostro um lado
desconhecido, oculto, dessas
pessoas, que elas não têm a
chance de mostrar na TV. Todos entraram no clima."
Nos episódios vistos pela Folha, Mojica (ou Zé do Caixão)
mostra-se à vontade no papel
de entrevistador. Faz algumas
perguntas recorrentes, que
rendem momentos engraçados.
O cineasta diz que improvisa
bastante no talk-show. "Se me
preparar, estraga tudo. Você
tem de estar liberto", defende.
"Quando me contratam para
shows, eu falo sobre política, cinema, morte, extraterrestres...
Depende do público. Só fui
vaiado uma vez, em Recife. O
produtor do evento me disse
que era para uma platéia de intelectuais, queria que eu falasse
sobre a obra de Orson Welles. O
público achou chato e começou
a vaiar. Aí mudei a linha do
show, ganhei o público e saí de
lá aplaudido."
Além de entrevistas, "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" é preenchido por reportagens externas (como nas comemorações do Ano Novo chinês,
na Liberdade) e por quadros
como "Infernet" (com conselhos sentimentais) e "A Praga"
(em que Zé do Caixão roga uma
praga em políticos, servidores
públicos e outros tipos).
História na TV
A TV não é estranha a Mojica,
72 anos completados em março. Foi júri do Raul Gil, do Bolinha, esteve nos programas "O
Estranho Mundo de Zé do Caixão" (TV Tupi), "Além, Muito
Além do Além" (Bandeirantes),
"Show do Outro Mundo" (TV
Tupi e, depois, Record), "Cine
Trash" (Band). Em todos encarnando Zé do Caixão.
"Não tenho nenhum problema com o personagem. Às vezes, me recuso a tirar fotos como Zé do Caixão, não porque não goste dele, mas porque faz
um calor danado aquela capa, a
cartola... O Herchcovitch fez
para mim uma roupa para ser
usada no inverno. Disse que vai
fazer uma para o verão."
Além do cinema e da TV, Mojica quer empreender novo
projeto. É a "Seita dos Paranormais", com "roqueiros, góticos,
pessoas de todos os tipos que
gostam do sobrenatural".
"Quero fazer uma passeata
pelo centro de São Paulo com
333 mulheres e 333 homens
[666 é conhecido como o "número da besta']. Vou chamar de
seita, mas pode ser associação,
clube. Para discutir misticismo,
cemitérios..."
(THIAGO NEY)
O ESTRANHO MUNDO DE
ZÉ DO CAIXÃO
Quando: estréia à 0h de sexta para sábado (reprises à 1h30 de domingo e às
3h30 de quinta)
Onde: no Canal Brasil
Texto Anterior: Ferreira Gullar: O cachorro como obra de arte Próximo Texto: Entrevista: "A mulher queria sexo no necrotério" Índice
|