São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Na TV, Zé do Caixão busca o "oculto"

Encarnando seu personagem, José Mojica Marins estréia talk-show arrancando relatos de experiências sobrenaturais

Com entrevistados como Angeli, Lobão e Pitty, "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" será exibido no Canal Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Há vários talk-shows na TV, mas nem todos têm como prioridade dar espaço para Lobão comentar experiências com pomba-gira ou Bruna Lombardi contar que já viu disco voador. É mais ou menos esse o tom de "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", programa de entrevistas e variedades pilotado pelo personagem criado pelo cineasta José Mojica Marins.
Mojica é um novo David Letterman? Não, porque Mojica não está nem aí para David Letterman -ele nem sabe quem é David Letterman. Mojica não costuma assistir a talk-shows na TV -"Só o do Jô, quando não está passando nenhum bom filme de terror no horário". "Gosto mesmo é dos telejornais, vejo todos." "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" estréia na próxima sexta-feira, apropriadamente à meia-noite, no Canal Brasil.
A primeira temporada, com 26 programas, já foi em grande parte gravada. Pelo cenário estilizado (com duas portentosas poltronas de veludo vermelho, um caixão em pé e caveiras na mesa) passaram, além de Lobão e Bruna Lombardi, o cartunista Angeli, os músicos João Gordo, Supla, Pitty e NXZero, a neo-escritora Bruna Surfistinha e os estilistas Ronaldo Esper e Alexandre Herchcovitch, entre outros. "Adorei fazer. Só teve fera.
Eles se sentiram bem, porque é um programa de entrevistas diferenciado. Eu mostro um lado desconhecido, oculto, dessas pessoas, que elas não têm a chance de mostrar na TV. Todos entraram no clima."
Nos episódios vistos pela Folha, Mojica (ou Zé do Caixão) mostra-se à vontade no papel de entrevistador. Faz algumas perguntas recorrentes, que rendem momentos engraçados.
O cineasta diz que improvisa bastante no talk-show. "Se me preparar, estraga tudo. Você tem de estar liberto", defende.
"Quando me contratam para shows, eu falo sobre política, cinema, morte, extraterrestres... Depende do público. Só fui vaiado uma vez, em Recife. O produtor do evento me disse que era para uma platéia de intelectuais, queria que eu falasse sobre a obra de Orson Welles. O público achou chato e começou a vaiar. Aí mudei a linha do show, ganhei o público e saí de lá aplaudido."
Além de entrevistas, "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" é preenchido por reportagens externas (como nas comemorações do Ano Novo chinês, na Liberdade) e por quadros como "Infernet" (com conselhos sentimentais) e "A Praga" (em que Zé do Caixão roga uma praga em políticos, servidores públicos e outros tipos).

História na TV
A TV não é estranha a Mojica, 72 anos completados em março. Foi júri do Raul Gil, do Bolinha, esteve nos programas "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" (TV Tupi), "Além, Muito Além do Além" (Bandeirantes), "Show do Outro Mundo" (TV Tupi e, depois, Record), "Cine Trash" (Band). Em todos encarnando Zé do Caixão.
"Não tenho nenhum problema com o personagem. Às vezes, me recuso a tirar fotos como Zé do Caixão, não porque não goste dele, mas porque faz um calor danado aquela capa, a cartola... O Herchcovitch fez para mim uma roupa para ser usada no inverno. Disse que vai fazer uma para o verão."
Além do cinema e da TV, Mojica quer empreender novo projeto. É a "Seita dos Paranormais", com "roqueiros, góticos, pessoas de todos os tipos que gostam do sobrenatural".
"Quero fazer uma passeata pelo centro de São Paulo com 333 mulheres e 333 homens [666 é conhecido como o "número da besta']. Vou chamar de seita, mas pode ser associação, clube. Para discutir misticismo, cemitérios..." (THIAGO NEY)


O ESTRANHO MUNDO DE ZÉ DO CAIXÃO
Quando:
estréia à 0h de sexta para sábado (reprises à 1h30 de domingo e às 3h30 de quinta)
Onde: no Canal Brasil


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