São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2010

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entrevista

Para segundo lugar, relatório "mítico" venceu

DA REPORTAGEM LOCAL

O engenheiro Boruch Milman, 83, passou para a história por integrar o grupo que ficou em segundo lugar no concurso do plano piloto de Brasília, com João Henrique Rocha e Ney Fontes Gonçalves. Ele diz não ter ficado triste por ter perdido a disputa: "Foi uma grande maravilha ser o segundo colocado num concurso vencido por Lucio Costa", disse por telefone à Folha, do Rio.
Milman, filho de judeus da Bessarábia (região próxima à Rússia) nascido no Brasil, diz que o projeto de seu grupo era muito parecido com o de Costa: "Tinha o eixo monumental, as superquadras e a divisão por setores residencial, comercial e industrial". Seu grupo projetou superquadras cujo interior tinha a função de "socialização dos moradores", com escolas e campos de futebol.
Costa venceu, na avaliação dele, por conta do relatório, um documento em tom mítico, em que diz que a sua ideia de cidade "nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz".
Já entrou para o folclore a forma como Costa apresentou sua proposta. O plano piloto exibia um desenho feito a mão e colorido com lápis de cor na escala 1:25.000 e o relatório de 24 páginas em formato ofício.
O engenheiro, que projetou o sistema de acessos à ponte Rio-Niterói e tem um projeto urbano para uma universidade gaúcha que recebeu prêmios, diz que é enganosa a ideia de que Brasília não gerou frutos: "O projeto do Lucio Costa e o meu ajudaram a provocar discussões no urbanismo mundial. Brasília foi importantíssima para o desenvolvimento do Brasil: o país se interiorizou". (MCC)


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