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entrevista
Para segundo lugar, relatório "mítico" venceu
DA REPORTAGEM LOCAL
O engenheiro Boruch
Milman, 83, passou para a
história por integrar o grupo que ficou em segundo
lugar no concurso do plano piloto de Brasília, com
João Henrique Rocha e
Ney Fontes Gonçalves. Ele
diz não ter ficado triste
por ter perdido a disputa:
"Foi uma grande maravilha ser o segundo colocado
num concurso vencido por
Lucio Costa", disse por telefone à Folha, do Rio.
Milman, filho de judeus
da Bessarábia (região próxima à Rússia) nascido no
Brasil, diz que o projeto de
seu grupo era muito parecido com o de Costa: "Tinha o eixo monumental,
as superquadras e a divisão por setores residencial, comercial e industrial". Seu grupo projetou
superquadras cujo interior tinha a função de "socialização dos moradores", com escolas e campos de futebol.
Costa venceu, na avaliação dele, por conta do relatório, um documento
em tom mítico, em que diz
que a sua ideia de cidade
"nasceu do gesto primário
de quem assinala um lugar
ou dele toma posse: dois
eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz".
Já entrou para o folclore
a forma como Costa apresentou sua proposta. O
plano piloto exibia um desenho feito a mão e colorido com lápis de cor na escala 1:25.000 e o relatório
de 24 páginas em formato
ofício.
O engenheiro, que projetou o sistema de acessos
à ponte Rio-Niterói e tem
um projeto urbano para
uma universidade gaúcha
que recebeu prêmios, diz
que é enganosa a ideia de
que Brasília não gerou frutos: "O projeto do Lucio
Costa e o meu ajudaram a
provocar discussões no
urbanismo mundial. Brasília foi importantíssima
para o desenvolvimento
do Brasil: o país se interiorizou".
(MCC)
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